Genocídio dos Yanomamis foi política de governo

'Uma matança planejada que tinha como beneficiários o agronegócio, o garimpo, os traficantes de madeira', escreve o colunista Gilvandro Filho

Ato contra Jair Bolsonaro e um indígena Yanomami em Roraima (à dir.)
Ato contra Jair Bolsonaro e um indígena Yanomami em Roraima (à dir.) (Foto: Mídia NINJA | Condisi-YY/Divulgação)


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Até agora, veículos da grande mídia viram a cara e torciam o nariz quando se chama de genocida o ex-presidente da República, um ser nefasto hoje a caminho da inelegibilidade. “Exagero da esquerda”, vaticinam os deploráveis isentões, membros mal disfarçados de uma direita dita comportada. Mesmo com as 700 mil vidas ceifadas graças ao comportamento criminoso de Jair Bolsonaro e sua turma diante das vítimas da Covid 19, a palavra “genocida” é vista por esses “cuidadosos” segmentos como termo radical.

O massacre do povo Yanomami, mostrado ao mundo a partir da ida de Lula a Roraima, neste final de semana, sacramenta aquilo que o bolsonarismo produz com desenvoltura porque ter como inequívoca vocação: o genocídio. O que fez com o Meio Ambiente, de forma particular com a Floresta Amazônica, foi o cenário construído pelo desgoverno expurgado pelo voto popular. Os reflexos da política desonesta e meliante adotada para a Amazônia e para os povos da floresta desaguaria, inexoravelmente, no extermínio de várias nações. Os Yanomamis, com toda certeza.

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As imagens de homens, mulheres e crianças esquálidos pela fome e pela desnutrição, hoje correm o mundo numa denúncia irretratável, prova final de que tivemos o genocídio como política de governo em nosso país. Uma matança desumana e planejada que tinha como beneficiários o agronegócio, o garimpo, os traficantes de madeira. Este último, um setor que chegou a ter um ministro, hoje deputado federal eleito, acusado de advocacia administrativa.

Só não se acuse de incoerência o ex-presidente, hoje uma figura pública fugidia e prestes a responder pelos seus atos. Muito menos se diga que seus eleitores, incluídos os já citados isentões, não sabiam da peça deletéria na qual estavam votando. Tudo de nefasto que fez em seu governo ele prometeu durante a campanha eleitoral fake que o levou ao poder. Inclusive a eliminação física de adversários políticos, o tsunami de armamentos nas mãos dos aliados e a perseguição a indígenas e quilombolas, ao anunciar que restringiria as demarcações de terra em favor desses dois povos.

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Em dezembro de 2021, em um discurso na Confederação Nacional da Indústria, Bolsonaro reafirmou sua “política pública” criminosa para os povos originários. Para uma claque ruidosa, de sangue nos olhos e baba escorrendo pela boca, ele decretou, em alto e bom som, o fim dessas demarcações que, segundo ele, “atrapalham o desenvolvimento econômico do Brasil”.

Se há algo a comemorar, os povos indígenas o fazem pelo fim do massacre contra eles e contra toda a região, promovido por um presidente da República irresponsável e desumano. Comemora-se a saída da cena governamental de figuras como Ricardo Salles, Damares Alves, General Hamilton Mourão, General Pazuello e quejandos. Elementos que, infelizmente, infestarão o Congresso graças aos votos da mesma leva de incautos que, em 2018, elegeu o desgoverno que os gerou e que os pariu.

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A chegada do presidente Lula à região, num dia de sábado, comandando uma comitiva composta por sete ministros de Estado, é a chama de esperança para o Meio Ambiente, para a Amazônia, para os povos da floresta, para o povo Yanomami, de modo particular. Mais ainda quando a visita anuncia ações concretas em termos de Saúde e Direitos Humanos, áreas relegadas aos confins pelo governo anterior, sobretudo em relação aos indígenas.

E ainda mais, uma comitiva na qual pontifica a presença de Sônia Guajajara, titular do inédito Ministério dos Povos Indígenas, criado pelo Governo Lula e algo impensável em outro governo. Muito menos em um governo cujo presidente anunciou e tentou dizimar os povos indígenas. E que, por pouco, não conseguiu.

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