Gênio, Moreira inspirou gerações de moleques do Brasil que clamam por paz e liberdade
Com você, gênio Moreira, tantas gerações brindaram à vida, pularam carnavais, fizeram luais até às sete da manhã ou lutaram, como "um moleque do Brasil que pede e dá esmolas", por um mundo mais livre e justo
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Era uma vez uma república de estudantes que atuavam em uma organização política, véspera de manifestação, adrenalina, violão e colchões espalhados pela sala.
Jovens sem um puto no bolso, mas com sangue nos olhos. O inimigo? O capitalismo, o neoliberalismo, Alckmin e o sistema de educação excludente.
Na parede da sala, um post antigo: “Fora, Alca, Fora FMI”.
Bianca, com uma planilha na mão repassa a lista de mobilizados e disse animada. “Eita que vamos bombar essa porra amanhã! Alckmin que se cuide”.
Um outro jovem secundarista , com uma tatuagem de foice e martelo no peito respondeu: “Se Marx quiser tudo vai dar certo. E ele quer”.
Entre risadas e um pouco de frio na barriga, ali os jovens preparavam uma grande jornada de lutas contra o neoliberalismo imposto há tempos em São Paulo. Já estavam organizando as máscaras e guardando os vinagres nas mochilas (é bom para se proteger do gás das bombas).
De repente, alguém bate na porta. Era Alan fazendo aquele “salve”, como diziam. Trouxe um bom fumo, cerveja e pizza.
Dali a alegria tomou conta dos corações dos jovens. João pegou o violão e começou a cantar o Mistério do Planeta. De repente, a canção transformou-se em uma cena catártica.
“Vou mostrando como sou
E vou sendo como posso
Jogando meu corpo no mundo
Andando por todos os cantos
E pela lei natural dos encontros
Eu deixo e recebo um tanto
E passo aos olhos nus
Ou vestidos de lunetas
Passado, presente
Participo sendo o mistério do planeta
Vou mostrando como sou
E vou sendo como posso
Jogando meu corpo no mundo
Andando por todos os cantos
E pela lei natural dos encontros
Eu deixo e recebo um tanto
E passo aos olhos nus
Ou vestidos de lunetas
Passado, presente
Participo sendo o mistério do planeta
O tríplice mistério do "stop"
Que eu passo por e sendo ele
No que fica em cada um
No que sigo o meu caminho
E no ar que fez que assistiu
Abra um parênteses, não esqueça
Que independente disso
Eu não passo de um malandro
De um moleque do Brasil
Que peço e dou esmolas
Mas ando e penso sempre com mais de um
Por isso ninguém vê minha sacola
Vou mostrando como sou
E vou sendo como posso
Jogando meu corpo no mundo
Andando por todos os cantos
E pela lei natural dos encontros
Eu deixo e recebo um tanto
E passo aos olhos nus
Ou vestidos de lunetas
Passado, presente
Participo sendo o mistério do planeta
O tríplice mistério do "stop"
Que eu passo por e sendo ele
No que fica em cada um
No que sigo o meu caminho
E no ar que fez que assistiu
Abra um parênteses, não esqueça
Que independente disso
Eu não passo de um malandro
De um moleque do Brasil
Que peço e dou esmolas
Mas ando e penso sempre com mais de um
Por isso ninguém vê minha sacola”
A manifestação foi um sucesso e outras gerações sentaram naquela sala, tocaram aquele violão e mobilizaram lutas em defesa do Brasil, ao som deste que se tornou um hino da rebeldia consequente, do desapego pela grana e um apego pelo sentimento de justiça social.
Eu, que hoje tenho 33 anos, fui uma daquelas jovens naquela república. Obrigada Moreira, por sua genialidade, por tecer o amor e a liberdade com seus tons, inspirar tantos “moleques do Brasil que pedem e dão esmolas”.
Com você, tantas gerações brindaram à vida, pularam carnavais de Dodô e Osmar, fizeram luais até às sete da manhã e desejaram um mundo melhor e com paz.
Você sempre será lembrado por sua alegria e genialidade.
Vá em paz!
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