General na Secretaria de Governo é como deputado comandar tropa
'Em novo movimento em direção à destruição da política e, portanto, da democracia, o presidente eleito nomeou o general Carlos Alberto dos Santos Cruz para a Secretaria de Governo, o ministério que cuida das relações com o Congresso Nacional. É uma aberração tão grande como designar um deputado para comandar tropas", avalia o colunista do 247 Alex Solnik; 'O militar é treinado para a guerra, não para a política. A vida política, que é essencialmente civil, tem por fundamento a negociação entre posições diferentes e até opostas, não a imposição de uma ordem de cima para baixo", observa; 'Nomear um general para ser interlocutor entre o governo e os parlamentares é o mesmo que dizer que não haverá interlocução', afirma
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Em novo movimento em direção à destruição da política e, portanto, da democracia, o presidente eleito nomeou o general Carlos Alberto dos Santos Cruz para a Secretaria de Governo, o ministério que cuida das relações com o Congresso Nacional.
É uma aberração tão grande como designar um deputado para comandar tropas.
Trata-se de concepções de mundo diferentes.
O militar é treinado para respeitar a hierarquia, a dar e receber ordens e cumpri-las. Sem discussão. Não há espaço para negociação entre militares. O general manda no coronel, o coronel no major, o major no capitão e assim por diante até chegar ao praça. O militar é treinado para a guerra, não para a política.
A vida política, que é essencialmente civil tem por fundamento a negociação entre posições diferentes e até opostas, não a imposição de uma ordem de cima para baixo. O consenso nasce do debate de ideias, não de uma ordem unilateral.
Nomear um general para ser interlocutor entre o governo e os parlamentares é o mesmo que dizer que não haverá interlocução.
Ele não estará lá para aproximar os representantes do povo do governo e sim para afastá-los, formar uma espécie de cordão sanitário em volta do chefe da nação. Para falar com ele, só passando por cima do cadáver do general.
A nomeação é a vingança de Bolsonaro, eterno deputado do baixo clero, contra seus colegas que o impediam de ascender na hierarquia política, o que significava acesso ao poder central.
Agora quem não terá acesso ao poder serão eles – nem os do baixo nem os do alto clero.
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