General Mourão, que preside Conselho da Amazônia, faz feriadão em feiras e campanha eleitoral no RS

"O general Mourão sequer foi a Atalaia do Norte, no Amazonas", escreve Jeferson Miola

(Foto: Romério Cunha/VPR)


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Por Jeferson Miola, para o 247

O general vice-presidente Hamilton Mourão é o presidente do Conselho Nacional da Amazônia, conforme Decreto 10.239 de 11/2/2020.

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Dentre as competências do Conselho, destacam-se as seguintes, especificadas em vários incisos do artigo 3º do Decreto:

“I – coordenar e integrar as ações governamentais relacionadas à Amazônia Legal.

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II – propor políticas e iniciativas relacionadas à preservação, à proteção e ao desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal, de forma a contribuir para o fortalecimento das políticas de Estado e assegurar a ação transversal e coordenada da União, dos Estados, dos Municípios, da sociedade civil e do setor privado;

III – articular ações para a implementação das políticas públicas relacionadas à Amazônia Legal, de forma a atender a situações que exijam providências especiais ou de caráter emergencial;

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V – fortalecer a presença do Estado na Amazônia Legal;

VI – acompanhar a implementação das políticas públicas com vistas à inclusão social e à cidadania na Amazônia Legal;

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VII – assegurar o aperfeiçoamento e a integração dos sistemas de proteção ambiental;

XI – coordenar ações de prevenção, fiscalização e repressão a ilícitos e o intercâmbio de informações; e

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XII – acompanhar as ações de desenvolvimento sustentável e o cumprimento das metas globais em matérias de adaptação e mitigação das mudanças climáticas; […].”

Engana-se redondamente, porém, quem imaginar que o general estivesse dedicando um minuto sequer da sua agenda para acompanhar, direta e pessoalmente, como corresponderia a um governante responsável e decente, as buscas e investigações dos bárbaros assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Philips.

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Apesar das responsabilidades explícitas e literais do presidente do Conselho da Amazônia, o general Mourão sequer foi a Atalaia do Norte, no Amazonas.

O general, ao contrário, tomou enorme distância para ficar muito longe do caso – mais precisamente, a 3.479 km de distância, para viajar a Porto Alegre, para cumprir agendas de campanha eleitoral no Rio Grande do Sul. 

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Na agenda oficial da vice-presidência da República não constam atividades dos dias 16 de junho em diante. O último evento registrado é a viagem a Porto Alegre ontem, 15/6, às 16 horas, na arrancada da excursão eleitoral com dinheiro público.

Mas, lendo-se um dos diários oficiais do bolsonarismo no Rio Grande do Sul, o jornal Correio do Povo, pertencente ao grupo midiático do bispo Edir Macedo, sabe-se que Mourão terá uma agenda agitada e festejos e feiras no estado. O general irá à ExpoBento, Fenavinho, Fenarroz, Expointer e, claro, degustação de vinhos em vinícolas da região serrana gaúcha. E, como cristão devoto, também vai conhecer os tradicionais tapetes vermelhos de Corpus Christi em Flores da Cunha.

Um ultraje; não menos que um ultraje à memória de Bruno, Dom e à dor dos povos originários do Brasil.

Mourão já disse que o bárbaro assassinato de Bruno e Dom “é um caso de polícia, uma região inóspita, afastada de tudo, na fronteira com o Peru, do lado do Peru uma serie de ilegalidades acontece, e do nosso lado também. As duas pessoas entram numa área que é perigosa sem pedir uma escolta, sem avisar efetivamente as autoridades competentes e passam a correr risco, lamentavelmente é isso aí”.

É preciso dizer algo mais sobre a responsabilidade do governo militar, do qual o general Mourão é vice-presidente, na barbárie, regressão civilizatória e destruição do Brasil?

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