Generais usaram Bolsonaro para voltar ao poder

"Muita gente se pergunta porque os generais toparam apoiar o ex-capitão Jair Bolsonaro e com ele no comando voltar à política. E correr o risco de manchar, mais uma vez, a imagem da instituição que melhorou muito depois de 30 anos fora dela", diz o colunista Alex Solnik, membro do Jornalistas pela Democracia; "Eu acho que os generais aderiram a Bolsonaro não por não conhecerem seus defeitos, mas por conhecerem. E apostaram que os defeitos acabariam por inviabilizá-lo, tal como o inviabilizaram no Exército. Por isso exigiram um vice militar. Só não contavam com uma inviabilização tão rápida. Os generais usaram o ex-capitão para voltar ao poder"

Generais usaram Bolsonaro para voltar ao poder
Generais usaram Bolsonaro para voltar ao poder (Foto: Marcos Corrêa/PR)


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Por Alex Solnik, colunista do 247 e membro do Jornalistas pela Democracia

Muita gente se pergunta porque os generais toparam apoiar o ex-capitão Jair Bolsonaro e com ele no comando voltar à política. E correr o risco de manchar, mais uma vez, a imagem da instituição que melhorou muito depois de 30 anos fora dela.

Afinal, a sua ficha era conhecida no Exército. Insubordinado, instável, agressivo. Nunca tinha apresentado qualidades para comandar. Mas também não aceitava ser comandado. Um nó cego, portanto. No mínimo, um inútil.

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Ameaçou explodir quartéis se o soldo não fosse majorado. Escreveu artigos na Veja em defesa da causa. Criou mais problemas que soluções. Sua permanência na caserna ficou insustentável. Não conseguiu ir além de capitão. Teve que pedir para sair.

Na Câmara dos Deputados seu desempenho não foi menos raso. Ele se notabilizou mais pelos bate-bocas com adversários políticos do que pelas ideias. Pregava o ódio, não a paz.

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Então por que cargas d'água os generais, que sabiam de tudo isso, aceitaram bater continência para um ex-capitão com esse passado questionável sob muitos pontos de vista? Senão todos.

Eu acho que há muitas respostas.

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Bolsonaro não teve vergonha de defender publicamente os crimes da ditadura militar, o que ninguém tinha coragem de fazer durante a redemocratização. Chegou ao extremo de fazer elogio público a um torturador condenado, o coronel Brilhante Ustra, em pleno Congresso Nacional.

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Isso foi música para os ouvidos dos generais. Havia alguém que se dispunha a resgatar o passado do Exército, nem que fosse com fake News.

A sua popularidade foi outro fator que fascinou os militares. Eles viram uma janela de popularidade para voltar ao poder através do voto, não do canhão. A volta por cima. A vingança suprema contra os que os derrubaram em 1985.

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A surpreendente guinada do general Eduardo Villas Boas faz parte do enredo.

No passado, durante o governo Dilma Rousseff, ele afastou o general Hamilton Mourão do Comando Sul por ter homenageado o torturador acima citado.

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Em 2018, no entanto, esqueceu sua ojeriza a Brilhante Ustra e se aliou a Mourão, já então vice de Bolsonaro.

Eu acho que os generais aderiram a Bolsonaro não por não conhecerem seus defeitos, mas por conhecerem. E apostaram que os defeitos acabariam por inviabilizá-lo, tal como o inviabilizaram no Exército.

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Por isso exigiram um vice militar.

Só não contavam com uma inviabilização tão rápida.

Os generais usaram o ex-capitão para voltar ao poder.

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