Generais foram enganados pelo capitão

"Generais são esculhambados, hostilizados e insultados pelas hostes bolsonaristas, seja o astrólogo de Virginia, o filho Carluxo ou o pastor Marco Feliciano. É uma forma terceirizada de o capitão mostrar que quem manda é ele", afirma Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia



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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

Cooptados por Bolsonaro, alguns generais – e não o Alto Comando do Exército – caíram feito patinhos numa armadilha.   

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Também pode se chamar vingança.    

Como todos sabem, Jair foi um militar indisciplinado que só chegou a capitão porque os generais o expurgaram (pediram para sair) depois de sua ameaça de promover atos de terrorismo por melhores soldos.    Ao ganhar a eleição convocou generais para governarem com ele depois de trinta anos no ostracismo.    

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Muitos analistas acharam que estávamos na antevéspera de uma nova ditadura militar.    

Enganaram-se, contudo, os analistas, que apostaram na ditadura e também os militares, que achavam que tinham voltado ao poder.    

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Seis meses depois, generais são esculhambados, hostilizados e insultados pelas hostes bolsonaristas, seja o astrólogo de Virginia, o filho Carluxo ou o pastor Marco Feliciano. É uma forma terceirizada de o capitão mostrar que quem manda é ele.    

Os generais, que entraram no governo achando que iam mandar, não estão mandando nada. A última palavra nunca é deles. Quem manda no governo são os evangélicos.     

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A ditadura que Bolsonaro planeja é uma ditadura fundamentalista. Militares são apenas a guarda pretoriana desse regime retrógrado, obscurantista e submisso a interesses externos que atua destruindo a ciência, a cultura e a educação. E que ofende diariamente o estado laico promovendo cultos evangélicos em ministérios e no Congresso Nacional. E que se guia mais pela bíblia que pela constituição brasileira. E que despreza a ciência em nome da fé. O que jamais levará ao crescimento do país.    

Foram 30 anos até os evangélicos chegarem ao Planalto. A escalada começou em 1989, quando o presidenciável Fernando Collor aceitou apoio de Edir Macedo, chefe da Igreja Universal do Reino de Deus. Em retribuição, o “bispo” pediu para rezar, pela primeira vez, uma missa de posse evangélica. E o presidenciável concordou.    

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Collor foi apoiado por Edir, ganhou, mas não cumpriu a promessa, o que serviu de lição para o “bispo”: ele percebeu que não adiantava apoiar políticos, que não tinham palavra; fundou seu próprio partido e formou seus “políticos”, que hoje formam uma forte bancada no Congresso Nacional.      

Foram eles que elegeram Bolsonaro. Eles elegeram e mandam em Bolsonaro porque Bolsonaro sabe que, quanto pior a situação econômica do país mais cresce a Igreja Universal do Reino de Deus – a maior delas, mas não a única – e todas as outras, como a Renascer, e, portanto, mais cresce o seu eleitorado e mais certeza de ganhar a reeleição e depois eleger o sucessor, provavelmente seu filho.    

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Generais não têm votos, os evangélicos têm.    

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