Generais escolhem novo ministro da Saúde

"Além de primeiro barrarem e depois autorizarem derrubar Mandetta também assumem a altíssima responsabilidade de escolher o ministro do qual depende o futuro do Brasil", escreve o jornalista Alex Solnik

(Foto: Governador do Maranhão, Flávio Dino)


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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia 

Duas grandes novidades marcam a saída de Luiz Henrique Mandetta do ministério da Saúde.

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A primeira é que ele conseguiu neutralizar a arma mais letal de Bolsonaro numa troca, que é  a fritura (ou tortura) e o elemento surpresa.

Em vez de ser surpreendido pelo anúncio presidencial, foi o ministro quem antecipou que estava marcado para cair, ele é que anunciou que isso vai acontecer hoje ou amanhã e – mais surpreendente ainda – em vez de rancor por perder o posto mostra-se resignado e, ao contrário do que fizeram Gustavo Bebbiano e Santos Cruz acena com uma transição civilizada, colocando à disposição do sucessor a sua equipe e promete mostrar-lhe o mapa da mina, facilitando sua adaptação, que é para ele não pegar o bonde andando.

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Agindo dessa forma, sai de cabeça erguida e marcando pontos junto à opinião pública, pois demonstra dar prioridade ao combate à pandemia e não à sua situação pessoal.

Quem deve estar arrancando os cabelos é o presidente do DEM, ACM Netto, pois perder um ministério desse tamanho às vésperas das eleições municipais é uma punhalada com a qual não contava e que vai implicar no resultado certamente menor do que projetava para o partido.

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Em compensação, Mandetta passa a ser um dos quadros mais valiosos do partido em qualquer eleição majoritária.

A segunda novidade da troca é que, pela primeira vez, a decisão acerca do novo ministro está sendo compartilhada com os dois generais mais próximos a Bolsonaro: Braga Netto, da Casa Civil e Luiz Eduardo Ramos, secretaria de Governo.

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Os três fizeram a sabatina de Nelson Teich, o oncologista e bolsonarista, hoje de manhã, embora devam entender de Saúde tanto quanto Bolsonaro.

Ou seja, além de primeiro barrarem e depois autorizarem derrubar Mandetta também assumem a altíssima responsabilidade de escolher o ministro do qual depende o futuro do Brasil. 

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Em outros tempos, quem fazia sabatina de ministros era Roberto Marinho.

Quando Sarney pensou, em 1988, em escalar Mailson da Nóbrega no ministério da Fazenda, em lugar de Bresser Pereira, antes de decidir mandou que fosse ao encontro do chefão da Globo, em seu escritório em Brasília. Dependendo do que saísse da conversa ele bateria o martelo ou não.

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Mailson ainda não tinha retornado ao Palácio do Planalto para contar a Sarney como tinha sido a sabatina, portanto o presidente ainda não o tinha nomeado, quando a nomeação foi anunciada numa edição extra do Jornal Nacional, na TV Globo.

Mailson fracassou com sua política do "feijão com arroz", mas Roberto Marinho nunca fez autocrítica.

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