Generais defendem ditadura em vez de fazer autocrítica
"Se os generais que estão no poder ao lado do capitão fossem de fato democratas deveriam fazer uma autocrítica daquele período totalitário e pedir desculpas à nação por todo o mal que seus antecessores praticaram", diz Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia, após o ministro Fernando Azevedo e Silva (Defesa) sair em defesa do golpe de 1964
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia
Se os generais que estão no poder ao lado do capitão fossem realmente democratas dos pés à cabeça, tal como garantem alguns civis que conviveram ou convivem com eles, o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo não teria feito o elogio do golpe de 64 na ordem do dia relativa ao 31 de março – que na verdade ocorreu a 1º. de abril – definindo-o como um feito democrático.
Nenhum general o contestou, daí a conclusão que não há, nos quarteis, divergência a respeito do tema.
Se os generais que estão no poder ao lado do capitão fossem de fato democratas deveriam fazer uma autocrítica daquele período totalitário e pedir desculpas à nação por todo o mal que seus antecessores praticaram - cassando mandatos, fechando o Congresso, destruindo a educação, censurando a imprensa, amordaçando a cultura, arrasando a economia, proibindo eleições, acabando com o direito de ir e vir, sequestrando, prendendo, torturando e matando - e prometer que nunca mais permitirão que aquilo se repita.
O que a ordem do dia mostrou foi o oposto, um alinhamento com o pensamento de Bolsonaro, nenhuma aversão à tortura, nenhuma condenação da ditadura, nada de mea culpa, o que dá a entender que eles não vão se opor se acontecer de novo.
Não se vê governo de nenhum país democrático comemorar ditaduras do passado.
A Alemanha não festeja a ascensão de Hitler; Portugal não elogia a ditadura Salazar; a Espanha não reverencia Franco e nem a Itália festeja o início da era Mussolini.
Nenhum país que passou por uma ditadura quis saber de uma segunda, aprendeu que as ditaduras destroem a alma e a economia do país, ditadores não trazem prosperidade, mas miséria, em todos os sentidos, seja moral, ética ou econômica.
Aqui no Brasil já tivemos duas ditaduras – a do Estado Novo e a de 64 – e não estamos livres de termos uma terceira.
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