Gay Talese e o 'new journalism'

Gay Talese
Gay Talese (Foto: Walter Craveiro/Divulgação)


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Rio - Adoro histórias de jornalistas. Me identifico com elas. Quando comecei no jornalismo, me inspirava nos textos de João Saldanha, Ivan Lessa, Ruy Castro e Jaguar, entre outros.

Dos estrangeiros, gostava do Art Burchard, do Hunter Stockton Thompson -  criador de um estilo denominado ‘Jornalismo Gonzo’, que se caracteriza por acabar com a distinção entre autor e sujeito, ficção e não-ficção - e, em especial,  de Gay Talese.

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Gay Talese é um jornalista e escritor norte-americano nascido na ilha de Ocean City, Nova Jersey, no dia 7 de fevereiro de 1932, filho de  um alfaiate italiano que migrou para os EUA. É casado com Nan A. Talese, com quem tem duas filhas, Pamela e Catherine Talese. 

Graduado em jornalismo pela Universidade do Alabama em 1953. Entre 1955 e 1965 escreveu para o jornal ‘The New York Times’ e para a revista ‘Esquire’. A partir de 1960 tornou-se colaborador de várias revistas. Neste período, contribuiu para a criação do jornalismo literário, o chamado ‘New Journalism’, gênero que combina as técnicas descritivas do romance com o realismo da não-ficçãoPublicou, entre outros livros de sucesso, Honor thy father história de uma família da Máfia, e Unto the Sons, sobre a imigração italiana para os Estados Unidos. Talese notabilizou-se por seus artigos sobre o jogador de beisebol Joe DiMaggio, o cantor Frank Sinatra e os boxeadores Floyd Patterson e Joe Louis.

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Talese já esteve no Brasil. Foi o convidado de honra da Festa Literária Internacional de Paraty, de 2009. Já esteve anteriormente no país e tem várias obras traduzidas em português.

Alguns jornais afirmam que se o jornalismo fosse uma monarquia, Gay Talese seria o rei. Talese é reverenciado por outros jornalistas como Deus. 

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É dele a frase mais célebre da história do ‘jornalismo literário’: "Sinatra resfriado é como Picasso sem tinta ou uma Ferrari sem gasolina – só que pior". 

Seu artigo ‘Sinatra Está Resfriado’, publicado pela revista ‘Esquire’, em abril de 1966,  é frequentemente apontado como a melhor história de não-ficção do século 20, o texto é indicado até hoje nas melhores faculdades de jornalismo.

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Mas, até um ‘deus do jornalismo’, como Talese comete erros:

No livro “Voyeur”,  Talese conta a história de um homem chamado Gerald Foos, que o procurou dizendo ter informações importantes que dariam um livro: o homem disse que havia comprado um motel em Aurora, no Colorado, com a intenção de satisfazer suas "tendências voyeurísticas" espionando os hóspedes por uma abertura no teto, o que teria feito durante quase três décadas. Segundo Foos, além das cenas de sexo ele teria presenciado um assassinato.

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Talese ficou encantado pela história. A história contada pelo voyeur  parecia boa demais para não ser publicada. Durante três décadas o jornalista acompanhou, ouviu e escreveu tudo o que o homem lhe contou. 

Depois do livro publicado, Talese descobriu algumas inconsistências nos relatos de Foos. A imprensa divulgou a "barriga" -  informação errada ou mal apurada - e o livro e até mesmo a carreira de Gay Talese foram postos em cheque.

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O resto está no livro.

N.A. Assista ‘O Voyeur’, documentário de 2017, da Netflix, que acompanha a controvérsia ao redor do último livro de Talese, atualmente com 91 anos.

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