Futuro ministro Múcio mostra perigosa alienação sobre cumplicidade do Exército com terrorismo

Os criminosos da família militar só levantarão acampamento “se assim o desejarem”, diz o colunista Jeferson Miola

José Múcio
José Múcio (Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil)


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Jeferson Miola                                

A jornalista Maria Cristina Fernandes [Valor Econômico] descreve em reportagem que de acordo com o futuro ministro da Defesa Múcio Monteiro, “os manifestantes acampados em frente ao Quartel General do Exército lá permanecerão na posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, se assim o desejarem”.

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Será assim mesmo: os criminosos da família militar só levantarão acampamento “se assim o desejarem”! – uma liberalidade impensável para trabalhadores do MST, MTST, professores e sindicalistas em geral que se manifestam pacificamente em busca dos seus direitos.

Pode-se depreender que na visão de Múcio, seria da livre e espontânea vontade dos terroristas amotinados em frente ao QG do Exército a decisão de continuarem ou de interromperem suas práticas criminosas, terroristas e antidemocráticas, mas não a imposição da Lei.

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A consequência trágica desta postura seria a de que, mesmo no governo eleito que assume em 1º de janeiro, a Constituição continuaria sendo desprezada nesse território sem Lei que são as áreas sob administração do Exército.

Ainda segundo relata a jornalista, Múcio assegura que “não vamos tirar ninguém na marra”.

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Quando se refere a “ninguém” que será retirado “na marra”, Múcio está se referindo a “ninguém” menos que terroristas e baderneiros amotinados em frente à sede do Exército, desde onde arquitetam atentados terroristas como aqueles executados nos dias 12 e 24 de dezembro em Brasília com a cumplicidade notória das cúpulas fascistas das Forças Armadas.

Múcio parece minimizar os graves e ameaçadores acontecimentos.

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A jornalista diz que o futuro ministro considera que a polícia militar do DF, uma estrutura bolsonarista que não prendeu nenhum terrorista dos atos de terror de 12 de dezembro em Brasília, “está atuante”.

Segundo a matéria de Maria Cristina Fernandes, “o futuro ministro disse desconhecer o general” com quem o terrorista conversou previamente à perpetração do atentado. E, pelo visto, ele tampouco exigiu saber a identidade do general comparsa dos terroristas.

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O assombroso é que estas manifestações do futuro ministro da Defesa ocorreram após o encontro que ele e o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, tiveram com o general e ministro bolsonarista Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira para tratar do terrorismo que ameaça o país.

Múcio ainda naturalizou o fato do general Paulo Sérgio abandonar o cargo com dois dias de antecedência, para produzir propositalmente um vácuo de poder num momento tenso e de incertezas.

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A postura de José Múcio, além de imprópria à luz da legislação e da Constituição brasileira, enfraquece a autoridade civil do futuro comandante supremo das Forças Armadas eleito pela soberania popular, o presidente Lula.

Este posicionamento do futuro ministro da Defesa não condiz com a gravidade e com a urgência da situação política nacional, em que células terroristas são fomentadas nos quartéis e contam com a cumplicidade e o envolvimento orgânico do Exército brasileiro.

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Mesmo com a derrota da extrema-direita na batalha de 30 de outubro, a guerra fascista contra a democracia e o Estado de Direito não acabou. Os militares são o ator central desta guerra. Não é crível que o futuro ministro Múcio ainda não tenha entendido que o Exército faz do terrorismo do século 21 o seu Riocentro do ano 1981 do século passado.

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