Funemício showlório
Muita gente sabia que o funeral de Eduardo Campos se transformaria num ato político natural. O que ninguém imaginava era que seria um midiático “Funemício” (funeral + comício) com uma dose cavalar de “Showlório” (show musical + velório)
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
O país inteiro ficou chocado com a morte prematura do presidenciável Eduardo Campos na semana passada. Ninguém acreditava que aquele candidato de olhos azuis que estava sendo anunciado morto era o mesmo que, na véspera da sua partida, estava sorridente em rede nacional expondo suas ideias no maior telejornal ao vivo do Brasil.
Sim, foi então confirmado, Campos estava nos escombros do jatinho que caiu naquela fatídica manhã de quarta-feira em Santos. A imprensa transmitia ao vivo todas as informações do acidente e o país inteiro, perplexo, assistia incrédulo ao desenrolar dos fatos.
Era sabido que iriam explorar politicamente o fato e que Marina Silva, sua vice de chapa, subiria as cabeças e seria sua herdeira natural na corrida presidencial. Diante dessa midiática comoção nacional, não bastava isso, os articulistas queriam mais, querem aliás, um membro da família de Campos como vice na chapa , para laurear a emblemática campanha que se formará pós mortem.
Os filhos de Eduardo Campos são muito novos, ainda não possuem idade suficiente para concorrer numa eleição presidencial. Mesmo assim, os colocaram em posição de jovens combatentes para homenagear o grandioso pai. Mais do que depressa, num raio de segundo, sugeriram o nome do advogado Antonio Campos, único irmão dele, para entrar em cena. Em paralelo também, nos corredores da política local pernambucana, surgia o nome de Renata Campos, a viúva e ex-primeira dama do Recife. Nomes que possuem um forte DNA para representar o legado de Eduardo nas próximas eleições.
O PSB já demonstrou sua inquietação em colocar um sucessor e vice, o mais rápido possível, de volta ao trilho da sucessão presidencial. Efeito de reação, quase que na mesma velocidade da ação em que lhe foi tirado da disputa.
Chegou então a tão esperada hora do funeral de Eduardo Campos. Muita gente sabia que o evento se transformaria num ato político natural. O que ninguém imaginava era que seria um midiático "Funemício" (funeral + comício) com uma dose cavalar de "Showlório" (show musical + velório).
Eram visíveis dezenas de milhares de pessoas comovidas, arrasadas, chorando a dor da saudade de um político atuante, que possuía um grande futuro promissor. Porém, o que muitos outros viram perplexos, foi uma Marina Silva com semblante feliz, sorrindo às vezes, aplaudindo o caixão de Campos, como ato contínuo de agradecimento pelo futuro legado deixado.
Renata Campos e seus filhos pareciam que não estavam ali. Flagrei em algumas fotos e vídeos que vi, olhares perdidos pro nada e outros a procura de um tudo. Pareciam estar acordados num grande pesadelo.
Ah, vi o ex presidente Lula e a presidenta Dilma bastante abatidos (não vi a candidata Dilma). Também olhei o presidenciável Aécio Neves bastante preocupado. Parece que essa comoção irá de fato estagnar a sua candidatura e alavancar a de Marina, como divulgado hoje (18) em pesquisa do Datafolha. Nela, Dilma aparece em primeiro com 36%, Marina Silva com 21% e Aécio com 20%.
Pois bem, ele realmente agora tem que se preocupar. Deixou de ser o queridinho da "Grande Imprensa", e passou a reles coadjuvante. Mas falar de pesquisa, eleição, candidatos em pleno funeral é correto?
Se formos pensar no destino de Eduardo Campos, quem imaginou que isso iria acontecer? Podemos imaginar que talvez possa não haver nem candidatos e quem sabe, nem eleição. Com tanta coisa ruim acontecendo, o vírus Ebola da África Ocidental se proliferando pelo mundo, guerra em Gaza e previsões nada agradáveis para o futuro, pode ser que nem exista sequer o futuro.
Termino esse texto buscando respostas para o que fizeram com o funeral de Eduardo Campos. Ou seja, transformaram uma cerimônia triste e fúnebre num evento com até fogos de artifício. Descanse Eduardo Campos, fique tranquilo. Ninguém em sã consciência jamais desistirá do Brasil, ao menos que não exista mais Brasil.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247