Frente democrática ou popular?
"Se a lógica do PT e da esquerda for montar um arco de resistência que vai até a centro-direita, incluindo o PSDB, terá que abrir mão de seu programa econômico e se fixar fundamentalmente na defesa dos direitos democráticos", diz o jornalista Breno Altman; "Esse caminho supostamente poderia ampliar a frente contra o neofascismo", diz ele, mas "perderia densidade no que diz respeito à mobilização social, ao enraizamento na classe trabalhadora e ao dialogo com os pobres do campo e da cidade"; "Essa bifurcação, frente democrática ou frente popular, mais uma vez, passou a ser um debate decisivo"
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Se a lógica do PT e da esquerda for montar um arco de resistência que vai até a centro-direita, incluindo o PSDB, terá que abrir mão de seu programa econômico e se fixar fundamentalmente na defesa dos direitos democráticos.
Afinal, no que diz respeito ao projeto nacional, o neoliberalismo dos velhos partidos outrora hegemônicos no campo conservador está muito mais próximo da agenda de Bolsonaro do que das ideias predominantes no campo popular.
Esse caminho supostamente poderia ampliar a frente contra o neofascismo, em um sentido horizontal, mas perderia densidade no que diz respeito à mobilização social, ao enraizamento na classe trabalhadora e ao dialogo com os pobres do campo e da cidade.
Em outro cenário, foi basicamente o que fez o antigo PCB na luta contra a ditadura, ainda que seus documentos costumassem propor alternativas econômicas. Essa opção facilitou a aliança com os liberais contra o regime militar, mas às custas de renunciar ao protagonismo dos trabalhadores e da própria construção do partido junto às massas assalariadas. A organização acabou por se transformar em força auxiliar da oposição burguesa, colaborando para o fim da ditadura pela via da transição conservadora, e definhando a seguir.
A alternativa seria restringir o arco de alianças orgânicas a uma frente popular, unida por um programa político e econômico, capaz de soldar as legendas de esquerda e centro-esquerda, mais os movimentos sociais. Acordos táticos pontuais seriam bem-vindos, com quem quer que fosse, pela defesa das liberdades democráticas, mas o núcleo estratégico seria uma coalizão antifascista, antimonopolista, antilatifundiária e antiimperialista.
Essa bifurcação, frente democrática ou frente popular, mais uma vez, passou a ser um debate decisivo.
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