Fragmentando a paz

Decisão dos EUA de enviar bombas de fragmentação à Ucrânia representa nova e perigosa escalada bélica

Joe Biden, se encontra com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky
Joe Biden, se encontra com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (Foto: Divulgação)


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Marcelo Zero 

A decisão dos EUA de enviar bombas de fragmentação à Ucrânia, precedida em alguns meses pelo envio de munição de urânio empobrecido, outro crime, representa nova e perigosa escalada bélica.

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As bombas de fragmentação foram desenvolvidas para enfrentar grandes avanços de blindados. Elas detonam no ar e fazem um volumoso estrago em uma área vasta. Apenas uma delas pode destruir o que estiver passando numa área equivalente a 5 campos de futebol. Seus fragmentos penetram em blindagem pesada.

Não têm precisão alguma e, além disso, possuem uma taxa elevada de falha (entre 6% e 10%), o que resulta em “contaminação” de grandes áreas com explosivos não detonados. Mesmo após as guerras, esses explosivos causam danos consideráveis à população civil e inviabilizam atividades econômicas em partes significativas dos territórios atingidos.

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Em razão disso, há uma Convenção internacional (Convention on Cluster Munitions (CCM), composta por mais de 120 países, que proíbe a produção, a comercialização, a estocagem e o uso de munições de fragmentação.

Os EUA, contudo, não fazem parte da Convenção. Ainda assim, norma dos EUA proíbe transferência de bombas de fragmentação que tenham mais de 1% de falha. Mas as que seriam enviadas teriam cerca de 6% de falha de detonação, uma possível violação da própria lei interna dos EUA. 

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Esse envio demonstra quatro coisas:

  1. A contraofensiva ucraniana definitivamente fracassou e seria necessário dispor de armas bem mais avançadas e destrutivas para que a Ucrânia possa reconquistar territórios perdidos. 
  2. A Ucrânia está esvaindo os arsenais da OTAN, especialmente projéteis de 155mm convencionais. Contudo, os EUA possuem um amplo estoque de projéteis desse calibre com munição de fragmentação. Não precisa fazer adaptação alguma. Basta substituir a munição convencional pela de fragmentação. Muito prático e conveniente.
  3. A segurança da população civil ucraniana não parece ser prioridade para os EUA e a OTAN. 
  4. EUA e OTAN estão apostando numa escalada da guerra, com a finalidade pressionar e fragilizar ainda mais a Rússia, provocar fraturas internas e tentar derrubar Putin. Ficaram animados com a revolta fracassada do Wagner.

Nada indica que essa nova escalada vá funcionar para os fins pretendidos. Ao contrário, o mais provável é que provoque uma pronta resposta da Rússia, que também dispõe de bombas de fragmentação e de outras armas de maior poder de destruição. 

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As grandes vítimas, como sempre, serão a população civil ucraniana e a paz.

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