Foro de São Paulo, o reflexo invertido do Millenium
A Veja noticia que o Foro de São Paulo é o maior inimigo do Brasil. Quem dera. Alguns dizem que é justamente a revista que deveria ganhar este título
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A Veja noticia que o Foro de São Paulo é o maior inimigo do Brasil. Quem dera. Alguns dizem que é justamente a revista que deveria ganhar este título. O Foro foi criado em 1990 a partir de uma convocação do Partido dos Trabalhadores para discutir alternativas (e enfrentamento) das políticas neoliberais no continente. Uma ideia acalentada por muitos militantes de esquerda, como Marco Aurélio Garcia, o historiador da Unicamp e assessor especial para relações internacionais da Presidência da República. Participam 100 partidos à esquerda (não muito à esquerda) de toda América Latina, incluindo alguns socialdemocratas, organizações comunitárias, sindicais e sociais ligadas à esquerda católica, grupos étnicos e ambientalistas, organizações nacionalistas, partidos comunistas e até mesmo grupos guerrilheiros.
Além da reunião de fundação realizada em São Paulo, se sucederam as de Manágua (1992), Havana (1993), Montevidéu (1995), San Salvador (1996), Porto Alegre (1997), Cidade do México (1998), Manágua (2000), Havana (2001), Antígua (2002), Quito (2003), São Paulo (2005), San Salvador (2007), Montevidéu (2008), Cidade do México (2009), Buenos Aires (2010), Manágua (2011), Caracas (2012) e São Paulo (2013). O Foro sempre foi um tema querido do pensamento protodireitista brasileiro porque, como se sabe, para justificar histeria de direita é preciso existir um inimigo perigosíssimo. Sem isto, nada vai além do chá das cinco. O Foro dá uma força aos tiozinhos de direita porque reúne alguns ícones de ações de confronto ideológico e político, como o MIR e as FARC (posteriormente expulsas). Não há dúvida que esta articulação de esquerda latino-americana auxilia bastante nas parcerias e apoios eleitorais, do Peru ao Uruguai, de El Salvador à Venezuela. Mas, cá entre nós, não dá para supor que se trata de uma V Internacional Socialista.
Em contrapartida, emergiu outra articulação, tão fundamental ao mundo como o Foro de São Paulo, só que do lado oposto da régua ideológica do país, o Instituto Millenium. Oficialmente, se apresenta como guardião da democracia, liberdade e economia de mercado. Se fosse realmente só isto, não precisaria nem existir, já que nossa Constituição Federal já garante os ingredientes desta cesta de piquenique. Pau que dá em Chico também dá em Francisco. A revista Caros Amigos destilou loas ao Instituto tal qual Veja ao Foro de São Paulo. Sugeriu que se trata de reação às políticas lulistas, destacando campanhas permanentes contra a regulamentação das comunicações, redução dos direitos sociais e combate a qualquer tipo de política afirmativa por parte do Estado. A lista de colaboradores envolve Armínio Fraga (a estrela de Aécio Neves na eleição deste ano), Demétrio Magnoli, Carlos Alberto Sardenberg, Ali Kamel e Roberto Da Matta. Matéria da jornalista Débora Prado cita, ainda, Pedro Bial (como membro da Câmara de Fundadores e Curadores da entidade), Roberto Marinho, Roberto Civita e Roberto Mesquita (como mantenedores).
Minha opinião é que, até agora, nada mais é que duas confrarias que se olham invertidos na imagem que produzem no espelho. Coisa de quem tem hormônios em profusão. Não sei se ajuda. Mas atrapalhar, até agora, só um ao outro grupo.
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