Folha usa página inteira para difamar Mantega e notinha para se retratar
Os tucanos citados na Lava Jato não estão na matéria, mas um ex-ministro petista que não foi citado na investigação, está. Não está pelo teor da citação (mais ou menos grave), pois nunca houve tal citação. Está porque é petista e os tucanos não estão porque são tucanos
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— Tem mais algum petista, aí, pra incluir?
— Tem aquele que andou apanhando num restaurante… Como é mesmo o nome? Ah, lembrei, o tal de Manteiga…
— É Mantega, sua besta!
— Esse aí…
— Foi citado na investigação do tal do Mouro?
— Quem é besta, aqui? Você me xinga por errar o nome do petista e erra o nome do delegado que é contra petistas. É Moro, seu burro…kkkkk
— Só que ele não é delegado, seu animal, o cara é juiz…kkkkk
— Foda-se, cara. Não precisava de mais petista? Pelo menos eu lembrei de mais um. Põe ele aí.
O diálogo acima é uma ficção, mas, dado o nível de falta de profissionalismo e de responsabilidade da Folha de São Paulo, é perfeitamente crível que matérias como a publicada na página A5 do jornal na última quarta-feira possam ter partido de uma “análise” como essa dos “fatos” que a “fundamentaram”.
No post anterior, o Blog divulgou que a matéria “Quem é quem na Lava Jato” (13/01, página A5) misturou pessoas presas e até condenadas pela investigação do juiz Sergio Moro com pessoas que nem mesmo são investigadas por essa operação, como o ex-presidente Lula e o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner.
Na edição da quinta-feira do mesmo jornal, porém, notinha minúscula de um leitor muito especial daquele veículo, publicada no espaço que esse veículo destina às manifestações de seu público (o “painel do leitor”), revela toda a má-fé, toda a irresponsabilidade, todo o partidarismo dessa empresa pseudo jornalística.
O leitor “especial” em questão é o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, citado na matéria mencionada acima como sendo o quarto homem no organograma da “quadrilha” que a Folha inventou e que tem Lula como “number one”, Dirceu como segundo em comando, Jaques Wagner como terceiro e Mantega como quarto homem da hierarquia “criminosa” dessa quadrilha ficcional.
Antes de reproduzir o teor da carta do ex-ministro, porém, vale rever a matéria caluniosa da Folha.
A reprodução da matéria serve para que o leitor confira o imenso espaço dado a ela. Quase uma página inteira de jornal. Porém, a Folha cometeu um erro (sem querer ou querendo) dramático. Guido Mantega jamais foi citado na Lava Jato, razão pela qual escreveu, na edição seguinte, uma nota indignada.
Por que se espanta, ministro? Ainda não sabe o que é a Folha?
O critério do jornal para fazer essa matéria caluniosa é o que mais espanta devido à irresponsabilidade do jornal. Se bastava alguém “lembrar” vagamente que Mantega faria parte de alguma coisa para incluí-lo em uma matéria que denuncia uma “quadrilha” encabeçada por um ex-presidente da República, por que ninguém lembrou que Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso também foram citados na Lava Jato?
Algum dos dois está na matéria?
Os tucanos citados na Lava Jato não estão na matéria, mas um ex-ministro petista que não foi citado na investigação, está. Não está pelo teor da citação (mais ou menos grave), pois nunca houve tal citação. Está porque é petista e os tucanos não estão porque são tucanos.
É simples assim.
A Folha se retratou do erro na edição desta quinta-feira, no espaço abaixo do dado ao ministro para se queixar da difamação de que foi alvo. Confira, abaixo, leitor, o espaço dado para a difamação e o dado à retratação.
O “erramos” da Folha, porém, erra de novo. Leia a “retratação” minúscula do jornal e, em seguida, a explicação do por que a Folha erra até quando se retrata.
O jornal errou de novo. Mantega não foi citado na Zelotes coisa nenhuma. A Folha não lê a Folha. Abaixo, reprodução de trechos de matéria desse jornal, publicada em novembro último, intitulada “Juiz autoriza quebra de sigilos de ex-ministro Guido Mantega”
“O juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira, responsável pela condução dos inquéritos da Operação Zelotes, determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de cerca de 30 empresas e pessoas, entre as quais o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. O magistrado acolheu pedidos do Ministério Público Federal no Distrito Federal.
A Folha apurou que a ação é uma tentativa de descobrir se as nomeações de conselheiros do Carf, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, feitas pelo então ministro sofreram interferência ilegal, que poderia ser detectada a partir do mapeamento de transações financeiras de Mantega (…)
Outra linha de apuração é definir a extensão do relacionamento do ex-ministro com o empresário Victor Sandri, cuja empresa, o Grupo Comercial de Cimento Penha, conseguiu reverter no Carf multa de R$ 106 milhões.
Há cerca de duas décadas, Mantega vendeu terrenos para uma firma de Sandri. Antes da Zelotes, o empresário foi condenado também pela suspeita de interferir em decisões no Carf, conforme a Folha revelou em abril (…)”
Como se vê, Mantega não foi “citado” por delatores da Zelotes, como sugere a nota da Folha. O que ocorreu é que um juiz, por alguma razão (que todos sabemos qual é), resolveu que valeria a pena investigar Mantega por uma transação que fez VINTE ANOS ATRÁS com um envolvido na investigação”.
Se as pessoas soubessem como são feitas as linguiças e o jornalismo desses impérios de média, não consumiriam nenhum dos dois.
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