“Folha” tenta jogar Dilma na fogueira da Zelotes
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A página A5 da "Folha de S.Paulo" de hoje é um exemplo perfeito de como tentar vender gato por lebre e desperdiçar papel. No alto a manchete diz ameaçadora "Juiz autoriza que Dilma seja ouvida na Operação Zelotes".
Quem lê imediatamente pensa: "ah, taí, ela está envolvida com a compra das medidas provisórias, agora pegaram ela"! Não sei qual é a proporção, mas a maioria dos leitores só lê a manchete e não a matéria.
Então essa é a impressão que fica: "agora a presidente está frita". A leitura do texto permite uma surpresa logo de cara. Quando se lê "juiz" logo se associa ao juiz Sergio Moro. Mas não. É decisão de um juiz da 10ª Vara Federal de Brasília chamado Vallisney de Souza Oliveira.
Esquisito. Um juiz da 10ª Vara Federal convocou uma presidente a depor? Avançando no texto percebe-se que a suposta convocação não é uma convocação. Nem a presidente precisa ser ouvida, como está na manchete.
Na verdade, ela pode apenas escrever que não sabe nada a respeito, que é a intenção do advogado de um dos acusados nessa ação. Ou seja, somente no fim de uma matéria extensa, que ocupa uma página inteira o leitor fica sabendo que não é convocação, que ela não vai ser ouvida, e somente tem que dizer que não tem nada a ver com o peixe.
Em vez de essa conclusão ter sido colocada no início, ficou para o fim. Só ficou sabendo quem teve a paciência de ler tudo. Quem ficou só com a manchete ficou mal informado. Não sei quanto custa uma página de papel para a empresa, mas a A5 da edição de hoje foi dinheiro jogado fora.
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