Folha é desmoraliza pelo Globo, que acelera na tentativa de golpe dentro do golpe

A Folha faz o jogo de Temer e do PSDB. A Globo quer dar o golpe dentro do golpe, elegendo rapidamente por via indireta ou Meirelles ou Carmem Lúcia, fortalecendo o pacto com o Partido do Judiciário e juntando a ele o sistema financeiro

Otávio Frias e João Roberto Marinho
Otávio Frias e João Roberto Marinho (Foto: Renato Rovai)


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No sábado pela manhã escrevi um artigo no blogue que você pode ler aí embaixo no qual ponderava que se o perito da Folha estivesse certo, Joesley Batista deveria ser preso imediatamente e Rodrigo Janot afastado da Procuradoria Geral da República. E como o caso ainda não se encerrou, mantenho esta tese. Mesmo que não sejam 50 pontos de edição, mas apenas um, para preservar quem quer que seja, o áudio estará ferido de morte.

Isso não significa que a investigação contra Temer deva ser interrompida. Ao contrário, há inúmeros elementos para que ela continua e o presidente ilegítimo seja afastado do cargo. A cada dia que passa fica mais claro que Temer se comporta como um gangster na política há muito tempo. E que se comportou assim na presidência, o que justifica seu afastamento.

Neste mesmo artigo também escrevi o seguinte trecho:

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“Eu, sinceramente, ficarei surpreso se a montagem for comprovada. Não porque ache que o MP é um convento, mas porque isso seria algo absolutamente infantil. Nem um completo imbecil acreditaria que um áudio com esse potencial de mudar os destinos do país não seria periciado.

Ou seja, ainda é cedo para dar crédito total à matéria da Folha, que, aliás, na insignificante opinião deste blogueiro, deveria ter pedido para que outros peritos fizessem análise completa do áudio antes de publicar sua reportagem.

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De qualquer maneira um capítulo novo da crise acaba de ser aberto com esta matéria. E se ela estiver correta será o fim da República dos Procuradores. Caso contrário, enterrado estará o que restou da credibilidade da Folha, pois ficará claro que ela tentou jogar uma boia de salvação para Temer.”

Ao que parece a Folha jogou a última pá de cal sobre aquilo que ainda restava de razoável da sua história. O Fantástico de ontem revelou que o perito Ricardo Caires dos Santos assumiu ter feito um trabalho precário e com equipamentos amadores. E informou que, ao contrário do que disse a Folha, ele não teria vínculos com o Tribunal de Justiça de São Paulo.

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Caires, que também seria figura frequente em programas sensacionalistas e de celebridades, relativizou à Globo suas bombásticas declarações à Folha.

Ele negou a existência de 53 pontos de edição e disse que seriam “14 pontos de edição e entre 15 e 20 pontos de corte de diversos trechos de ruído”.

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Hoje em uma matéria na Folha, o perito dá nova marcha ré e diz que não mudou sua versão, apenas procurou acrescentar detalhes à análise. Ou seja, a história se tornou um pântano.

E como em terra de cego quem tem um olho é rei, há uma tendência a se premiar quem vencer este braço de ferro. Um absurdo completo, porque ambos estão fazendo o que de pior se pode fazer em episódios jornalísticos como este.

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Pelo seu blogueiro Lauro Jardim, O Globo reproduziu com erros factuais primários um áudio envolvendo o presidente da República. Reproduziu, aliás, sem que o jornalista tivesse sequer ouvido o áudio.

A Folha contratou um único perito e bancou a partir dele a hipótese que já aventava um dia antes em todas as suas manchetes do jornal e do portal UOLL, de que o “áudio era inconclusivo”.

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Depois de dar um google na vida do perito, o Globo sai atirando no áudio dizendo que o cara já trabalhou fazendo pontas em programas sensacionalistas.

Ou seja, ambos os veículos vão disputando o espólio do país a partir de eu acho daqui e você dali, sem o mínimo rigor jornalístico. Cada um defendendo o lado político que escolheu neste episódio. A Folha faz o jogo de Temer e do PSDB. A Globo quer dar o golpe dentro do golpe, elegendo rapidamente por via indireta ou Meirelles ou Carmem Lúcia, fortalecendo o pacto com o Partido do Judiciário e juntando a ele o sistema financeiro.

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De lambuja, a Globo ainda ganharia a prisão de Lula. E é principalmente por isso que rifou Aécio e Temer. Ela percebeu que precisava entregar uns anéis do outro lado, para justificar levar o dedo principal do outro.

O fato é que o Brasil está vivendo um ciclo histórico sem precedentes. A Folha parece ter capotado seu carro numa das curvas deste ciclo. E talvez não se recupere mais. De qualquer maneira, a Globo teve que acelerar muito. E pode ficar sem motor para completar a prova.

Anotem, esse racha no espectro midiático não é demonstração de força, mas de fraqueza. Não é só o sistema político brasileiro que entrou em parafuso. A aliança midiática também. Pela pior via. Mas isso pode ser bom. O consenso midiático pode entrar em crise e isso pode abrir frestas para um novo pacto democrático.

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