Foi só um jogo (?)
Poderia ter sido uma derrota como qualquer outra, mas o que se viu foi, literalmente, pânico. Sem experiência em Copas, aqueles moços viraram crianças assustadas ante a responsabilidade que lhes foi posta nos ombros
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O sétimo gol nem havia balançado as redes brasileiras quando começaram a chegar certas postagens nas redes sociais – e até comentários neste blog – comemorando a derrota acachapante do Brasil em campo. Era como se os gols fossem nossos.
Um desses comentários dizia que, para cada gol na Seleção, Dilma estaria perdendo um ponto nas pesquisas. Outro, xingava a presidente e perguntava de que adiantou gastar tanto dinheiro para organizar a Copa – como se só ganhar em campo importasse, ao organizar evento desse porte.
O fato é que, devido à dimensão da derrota para a Alemanha, não se abate sobre o país apenas o sentimento de tristeza que seria normal ante uma derrota esperável como por 2 a 1 ou 1 a 0. O que se abateu sobre o Brasil foi sentimento de vergonha.
Ora, é só um jogo, dirão. Pode ser, espero que seja. Para mim, é. Não ficamos mais ricos nem mais pobres do que ficaríamos se ganhássemos. Ficamos mais ricos porque o evento foi realizado aqui, mas o resultado do jogo não gera lucro ou prejuízo financeiro.
Em termos de imagem, ganhamos. Organizamos tudo direitinho. A festa está sendo linda e sei que saberemos perder e, assim, continuaremos recebendo bem os povos que aqui estão defendendo o direito deles de vencer o campeonato.
Resta saber se este povo saberá administrar racionalmente sentimento dessa magnitude.
Muitos dizem que “é claro que o povo saberá separar as coisas”, mas dizer isso é tão precipitado quanto dizer o contrário. Sobre esse quesito, não faço previsões.
Ao ler isso, você se lembra do sentimento que o tomou ao ver aquela derrota. Isso se chama mal-estar e é com isso que a oposição e a mídia contam. Acham que essa sensação que atingiu até o mais otimista e o mais confiante nos rumos do país irá ajudá-las a eleger Aécio Neves.
Esse sentimento difuso deixaria a população mal-humorada, que descontaria a raiva no governo que trouxe a Copa para cá – ou quase isso – e a organizou. Ou seja, o povo votaria em Aécio Neves por raiva de Dilma.
Seremos tão burros? Entenderemos que perdemos um jogo, não a nossa honra, as nossas riquezas, a nossa cultura ou tomaremos decisão tão importante para nossas vidas com base em um sentimento humano, compreensível, mas ilusório, porque nada mudou em nossas vidas?
É difícil dizer. As massas, em comoção, não são racionais.
Votar em A ou B por conta da derrota ou da vitória no futebol é uma irracionalidade, mas há uma parte do povo que, independentemente de renda ou instrução, age como criança. Isso sem falar que não entende a Democracia…
Sobre o jogo – aquele jogo
É uma tristeza. Aqueles rapazes entraram em parafuso. Tudo que aconteceu ao longo dos últimos meses – protestos, fuzilaria da mídia, arbitragens tendenciosas e, para culminar, o desfalque de dois jogadores que a equipe considerava importantes – os desestruturou completamente.
Não foi normal, aquilo. Poderia ter sido uma derrota como qualquer outra, mas o que se viu foi, literalmente, pânico. Sem experiência em Copas, aqueles moços viraram crianças assustadas ante a responsabilidade que lhes foi posta nos ombros.
Uma equipe mais experiente, mesmo sem grandes nomes da atualidade, talvez tivesse perdido, mas não perderia por um placar como aquele. Ou perderia. Talvez os alemães sejam tudo isso… Ainda veremos, pois a Copa continua.
E a vida, também.
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