Financeirização e judicialização corroem a democracia

"A crise da democracia é uma evidência em escala mundial. O Brexit, a eleição de Donald Trump, o golpe no Brasil são os sintomas mais evidentes de um fenômeno que cruza toda a América Latina e a Europa, chegando a países de outras regiões, como a África do Sul e a Índia, entre outros. Que fatores afetam a países e continentes tão diferentes, para que a crise da democracia se expresse como fenômeno global?", analisa Emir Sader, articulista do Brasil 247; "Antes de tudo, a financeirização da economia, elemento econômico determinante do período histórico atual, marcado pela hegemonia do modelo neoliberal. A desregulamentação promovida por este levou à predominância do capital financeiro, sob sua forma especulativa, sobre o conjunto das economias do mundo", avalia

"A crise da democracia é uma evidência em escala mundial. O Brexit, a eleição de Donald Trump, o golpe no Brasil são os sintomas mais evidentes de um fenômeno que cruza toda a América Latina e a Europa, chegando a países de outras regiões, como a África do Sul e a Índia, entre outros. Que fatores afetam a países e continentes tão diferentes, para que a crise da democracia se expresse como fenômeno global?", analisa Emir Sader, articulista do Brasil 247; "Antes de tudo, a financeirização da economia, elemento econômico determinante do período histórico atual, marcado pela hegemonia do modelo neoliberal. A desregulamentação promovida por este levou à predominância do capital financeiro, sob sua forma especulativa, sobre o conjunto das economias do mundo", avalia
"A crise da democracia é uma evidência em escala mundial. O Brexit, a eleição de Donald Trump, o golpe no Brasil são os sintomas mais evidentes de um fenômeno que cruza toda a América Latina e a Europa, chegando a países de outras regiões, como a África do Sul e a Índia, entre outros. Que fatores afetam a países e continentes tão diferentes, para que a crise da democracia se expresse como fenômeno global?", analisa Emir Sader, articulista do Brasil 247; "Antes de tudo, a financeirização da economia, elemento econômico determinante do período histórico atual, marcado pela hegemonia do modelo neoliberal. A desregulamentação promovida por este levou à predominância do capital financeiro, sob sua forma especulativa, sobre o conjunto das economias do mundo", avalia (Foto: Emir Sader)


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A crise da democracia é uma evidência em escala mundial. O Brexit, a eleição de Donald Trump, o golpe no Brasil são os sintomas mais evidentes de um fenômeno que cruza toda a América Latina e a Europa, chegando a países de outras regiões, como a África do Sul e a Índia, entre outros.

Que fatores afetam a países e continentes tão diferentes, para que a crise da democracia se expresse como fenômeno global? Antes de tudo, a financeirização da economia, elemento econômico determinante do período histórico atual, marcado pela hegemonia do modelo neoliberal. A desregulamentação promovida por este levou à predominância do capital financeiro, sob sua forma especulativa, sobre o conjunto das economias do mundo.

Essa predominância tem algumas características marcantes. A primeira, a subordinação do capital produtivo ao especulativo. A segunda, a promoção do sistema bancário como eixo das economias. A terceira, a baixa taxa de crescimento econômico, mais correntemente economias em estagnação ou em recessão, como reflexo da hegemonia de um capital que vive do endividamento de Estados, empresas e pessoas.

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Como outra de suas consequências, está a apropriação do poder de tomar decisões que norteiam a economia por parte do capital financeiro, esvaziando o poder de decisão dos governos. Esta tendência, que vinha se desenhando ao longo do tempo, se consolida na globalização e tem seu ápice nos governos neoliberais, embora seu caráter estrutural faz com que ajam também nos governos antineoliberais, que têm nesse fator seu elemento de limite.

A hegemonia do capital financeiro, como elemento de estagnação da economia, impõe a recessão como tendência predominante. Taxas de juros altas são um dos fatores que pressionam nessa direção, brecando a capacidade de recuperação do crescimento das economias. Por isso vivemos, desde há algumas décadas, um ciclo longo recessivo do capitalismo em escala mundial, que não tem prazo para terminar, como se vê a prolongação indefinida da recessão na Europa.

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Esse fator transforma as estruturas mesmas de poder na sociedade, expropriando dos governos, como representação democrática da vontade majoritária do povo, o poder de decidir os rumos da economia. Também pelo fato de que se trata de uma tendência global, que pesa de fora sobre os governos nacionais, de forma dura. É uma das tendências estruturais que produz a crise das democracias, seja nos EUA, na América Latina, na Europa, na Ásia e na África.

Outro elemento que tem se expandindo de forma vertiginosa no mundo é a judicialização da política. Conforme os governos neoliberais perdem apoio popular e tendem a perder eleições, a direita busca novas estratégias para se opor aos governos populares que defendem programas superadores do neoliberalismo.

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Os casos da Argentina e do Brasil são muito claros. Se trata de tentar desqualificar os governos antineoliberais e seus líderes, com acusações de corrupção, desviando o debate sobre as grandes alternativas para os países – de que a referencia ao neoliberalismo é central – para tentar tirar da disputa política líderes que representam alternativas a esse modelo.

As ações são muito similares. A mídia e o Jurídico se unem para desqualificar publicamente líderes populares com base em suspeitas, forjando rejeições e deslocando os temas em debate, dos projetos para o país, para o tema da corrupção. A financeirização produz maior desigualdade e exclusão social. A Judicialização promove o descrédito nos sistemas políticos. Na sua conjugação, produzem a crise dos sistemas políticos, como existiram até aqui. Se abre assim um período marcado pela crise da democracia.

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