Fica tudo igual: Bolsonaro isolado

"Jair Bolsonaro está perdendo mais uma vez o timing para fazer mudanças ministeriais que poderiam melhorar e eficiência do governo e formar uma base política mínima que lhe assegurasse alguma tranquilidade", escreve a jornalista Helena Chagas em relação à sobrevida de ministros como Onyx Lorenzoni e Abraham Weintraub no governo

(Foto: Carolina Antunes/PR)


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Por Helena Chagas, no Divergentes e para o Jornalistas pela Democracia

Fica tudo igual. Foi o que disse o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ao sair do Alvorada no sábado. Balançando no cargo depois da demissão do número 2 Vicente Santini — por  razoes que foram além do uso irregular de um jato da FAB — ele se referia à própria situação. Não é só a sobrevida de Onyx na Casa Civil que deixa tudo igual — ou um pouco pior. O governo Bolsonaro continua à deriva no Congresso neste segundo ano legislativo.

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Jair Bolsonaro está perdendo mais uma vez o timing para fazer mudanças ministeriais que poderiam melhorar e eficiência do governo e formar uma base política mínima que lhe assegurasse alguma tranquilidade. Além de Onyx, até segunda ordem continuam nos cargos personagens como Abraham Weintraub, responsável pelos erros na correção do Enem, e Ricardo Salles, que perdeu toda e qualquer interlocução nacional e internacional sobre as questões do meio ambiente.

Um governo de pernas-de-pau que tivessem algum tipo de apoio político e ajudassem na articulação para aprovar projetos no Congresso ainda se entenderia. Só que não. Bolsonaro continua sem articulação e praticamente sem articulador, num isolamento político maior do que o de um ano atrás.

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O resultado disso é que, embora o governo vá enviar propostas de reforma administrativa e tributária ao Congresso — ao menos prometeu —, o andamento dessas pautas está inteiramente nas mãos do Congresso. Rodrigo Maia manda na Câmara e decidirá o que e quando será votado. Para sorte de Paulo Guedes, ele e o deputado pensam parecido em relação a boa parte dos itens da agenda econômica. Mas as reformas sairão do jeito que deputados e senadores quiserem.

No Senado, as três PECs do ajuste fiscal tramitam — até porque seu presidente, Davi Alcolumbre, tem tido boa vontade com o Planalto. Mas dificilmente serão votadas na forma como chegaram ao Congresso. Vão sofrer mudanças substanciais.

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Nesse estado de coisas, o Planalto vai perder sua linha de defesa na explosiva CPI das FakeNews. Com o racha do PSL, a ala antibolsonarista do ex-partido do presidente deve retirar da comissão o filho Eduardo e outros deputados fiéis a ele.

Outra medida do baixo poder de fogo do Planalto no Congresso neste início de 2020 serão sa medidas provisórias que vão caducar. O Legislativo sequer tomou conhecimento de algumas delas, como a que cria a carteirinha nacional de estudante e a que desobriga a administração pública a fazer publicações na imprensa escrita.

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Não vai ser um ano politicamente fácil para Bolsonaro.

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