FHC se enrola ao “explicar” golpe a intelectuais e sofre protesto
É só o começo. FHC e outros golpistas como ele vão terminar seus dias tendo que explicar suas participações no estupro coletivo da democracia brasileira praticado por corruptos que afastaram a presidente honesta para se protegerem da polícia
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Os golpistas já começam a pagar o preço por participarem de estupro coletivo da democracia brasileira. Um dos golpistas mais empedernidos – e mais metido a espertalhão –, acaba de vislumbrar o dano irreparável que provocou na própria biografia – mais um – ao trabalhar pelo golpe contra Dilma Rousseff.
As articulações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para surrupiar o mandato da presidente da República e seu apoio ao governo ilegítimo de Michel Temer lhe custaram a participação no mais importante simpósio acadêmico sobre a América Latina, que acaba de ocorrer em Nova Iorque.
Trata-se de conferência da Latin American Studies Association (LASA). FHC participaria do principal evento do encontro, um debate na manhã deste sábado (28) com o ex-presidente chileno Ricardo Lagos, que encerraria o 34º Congresso Internacional da Associação de Estudos Latino-Americanos, no aniversário de 50 anos da entidade.
Em carta enviada à entidade na sexta (27), FHC tentou rechaçar as acusações de que a presidente Dilma Rousseff é vítima de um golpe do qual ele foi um dos principais articuladores. E, inconformado com o repúdio aos seus atos, vociferou que “os atuais ventos ideológicos que circulam em certos centros acadêmicos parecem misturar a postura de cientistas com a de ativistas”.
Verborrágico, o tucano golpista não parou por aí:
“Aqueles que me conhecem sabem que eu fui formado como cientista social numa época que, a despeito de crenças e valores, intelectuais deviam manter a objetividade científica como um valor central em seus desafios acadêmicos”.
FHC ainda tentou a velha lengalenga de que foi aposentado compulsoriamente da USP pelo golpe militar de 1964 antes de fugir do Brasil – enquanto muitos ficaram e lutaram contra a ditadura -, mas o protesto contra ele ocorreu de qualquer maneira.
Assista, abaixo, ao vídeo da manifestação contra FHC em Nova Iorque neste sábado.
Ao tentar se explicar para os acadêmicos sobre por que articulou o golpe, FHC mentiu dizendo que o processo de afastamento de Dilma não pode ser classificado de golpe já que houve, segundo ele, respeito à Constituição e o processo foi supervisionado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Na carta de explicações, o tucano desanda a mentir desbragadamente ao dizer que “o pano de fundo do processo de impeachment foi a revelação de uma organização criminosa que existe desde o mandato do presidente anterior [Lula], a qual uniu empresários, servidores públicos, políticos e partidos políticos com o objetivo de aumentar o custo de obras públicas e desviar parte dos recursos como uma estratégia para ganhar suporte político, votos e, eventualmente, riqueza pessoal”.
Pessoas bem informadas sabem que o esquema de corrupção na Petrobrás vem de muito longe, desde o governo do próprio FHC, segundo revelaram delatores como o ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa.
Para “explicar” o impeachment, FHC aludiu a uma “disseminada rede corrupção”, mencionou a crise econômica, os 11 milhões de desempregados e a crescente dívida pública como motivos para o impeachment.
FHC confunde uma audiência com centenas de intelectuais bem-informados e preparados com os imbecis que leem a Veja e acham que estão informados. Ao “justificar” o golpe, o tucano atribuiu culpas a Dilma que ela não tem, como ao falar da corrupção na Petrobrás, e usou o aumento do desemprego como motivo para o impeachment…
Essa informação de que FHC acha que desemprego alto justifica o impeachment estarrece qualquer pessoa que não tenha problemas sérios de memória ou (sendo muito jovem) que não tenha fugido da escola, já que durante o governo do tucano o desemprego era muito mais alto que o de hoje.
Ao tentar explicar à academia por que tramou e ajudou a dar um golpe de Estado, FHC cometeu um ato falho desmoralizante. Aludiu à corrupção na Petrobrás apesar de Dilma não estar envolvida e citou problemas na economia (menores que durante o governo tucano), mas não citou uma vez a razão alegada pelos golpistas para tirarem Dilma do cargo.
A razão “oficial” para a derrubada de Dilma, as tais “pedaladas”, nunca são citadas pelos golpistas porque eles sabem que não são razão aceitável para tirar o mandato de um representante do povo legitimamente eleito.
FHC logo percebeu que não iria conseguir enrolar os intelectuais e cancelou sua participação no evento.
Diante disso, entidades como a Clacso (Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais) programaram o protesto contra a participação de FHC. Distribuíram camisetas com as inscrições “Brasil, La Democracia de Luto” e “Não ao Golpe” – nesta última, o slogan aparece escrito também em inglês e espanhol.
“Respeitamos a decisão da Lasa de convidar a um dos maiores instigadores e incentivadores do golpe no Brasil, porém também convocamos a acompanhar a conferência enchendo o auditório de camisetas pretas em sinal de protesto”, diz um convocatório da entidade latino-americana, incluída no site da entidade.
Uma petição de 162 membros da entidade latino-americana e 337 pesquisadores não associados pedia o cancelamento da conferência de FHC.
Para os pesquisadores, ao dar voz a FHC a entidade pode incorrer em “um desrespeito grosseiro com pesquisadores que têm lutado há tempos para constituir uma estabilidade democrática na região nos dias atuais e nos últimos 50 anos”.
Membro da Clacso e um dos organizadores do ato, o argentino Leandro Morgenfeld disse à Folha a entidade se coloca contra a participação de FHC no evento por ele “ter sido um do principais articuladores do golpe contra a presidente afastada Dilma”. Disse ainda que “é um desatino” chamá-lo para falar em um debate sobre democracia.
É só o começo. FHC e outros golpistas como ele vão terminar seus dias tendo que explicar suas participações no estupro coletivo da democracia brasileira praticado por corruptos que afastaram a presidente honesta para se protegerem da polícia.
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