FHC se enrola ao “explicar” golpe a intelectuais e sofre protesto

É só o começo. FHC e outros golpistas como ele vão terminar seus dias tendo que explicar suas participações no estupro coletivo da democracia brasileira praticado por corruptos que afastaram a presidente honesta para se protegerem da polícia

SÃO PAULO, SP - 20.05.2013: FHC/PALESTRA/EXECUTIVOS/SP - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dá palestra para executivos da Thomson Reuters no hotel Unique, na avenida Brigadeiro Luís Antônio, na zona sul da capital paulista, nesta segunda-feira. (F
SÃO PAULO, SP - 20.05.2013: FHC/PALESTRA/EXECUTIVOS/SP - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dá palestra para executivos da Thomson Reuters no hotel Unique, na avenida Brigadeiro Luís Antônio, na zona sul da capital paulista, nesta segunda-feira. (F (Foto: Eduardo Guimarães)


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Os golpistas já começam a pagar o preço por participarem de estupro coletivo da democracia brasileira. Um dos golpistas mais empedernidos – e mais metido a espertalhão –, acaba de vislumbrar o dano irreparável que provocou na própria biografia – mais um – ao trabalhar pelo golpe contra Dilma Rousseff.

As articulações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para surrupiar o mandato da presidente da República e seu apoio ao governo ilegítimo de Michel Temer lhe custaram a participação no mais importante simpósio acadêmico sobre a América Latina, que acaba de ocorrer em Nova Iorque.

Trata-se de conferência da Latin American Studies Association (LASA). FHC participaria do principal evento do encontro, um debate na manhã deste sábado (28) com o ex-presidente chileno Ricardo Lagos, que encerraria o 34º Congresso Internacional da Associação de Estudos Latino-Americanos, no aniversário de 50 anos da entidade.

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Em carta enviada à entidade na sexta (27), FHC tentou rechaçar as acusações de que a presidente Dilma Rousseff é vítima de um golpe do qual ele foi um dos principais articuladores. E, inconformado com o repúdio aos seus atos, vociferou que “os atuais ventos ideológicos que circulam em certos centros acadêmicos parecem misturar a postura de cientistas com a de ativistas”.

Verborrágico, o tucano golpista não parou por aí:

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“Aqueles que me conhecem sabem que eu fui formado como cientista social numa época que, a despeito de crenças e valores, intelectuais deviam manter a objetividade científica como um valor central em seus desafios acadêmicos”.

FHC ainda tentou a velha lengalenga de que foi aposentado compulsoriamente da USP pelo golpe militar de 1964 antes de fugir do Brasil – enquanto muitos ficaram e lutaram contra a ditadura -, mas o protesto contra ele ocorreu de qualquer maneira.

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Assista, abaixo, ao vídeo da manifestação contra FHC em Nova Iorque neste sábado.

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Ao tentar se explicar para os acadêmicos sobre por que articulou o golpe, FHC mentiu dizendo que o processo de afastamento de Dilma não pode ser classificado de golpe já que houve, segundo ele, respeito à Constituição e o processo foi supervisionado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Na carta de explicações, o tucano desanda a mentir desbragadamente ao dizer que “o pano de fundo do processo de impeachment foi a revelação de uma organização criminosa que existe desde o mandato do presidente anterior [Lula], a qual uniu empresários, servidores públicos, políticos e partidos políticos com o objetivo de aumentar o custo de obras públicas e desviar parte dos recursos como uma estratégia para ganhar suporte político, votos e, eventualmente, riqueza pessoal”.

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Pessoas bem informadas sabem que o esquema de corrupção na Petrobrás vem de muito longe, desde o governo do próprio FHC, segundo revelaram delatores como o ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa.

Para “explicar” o impeachment, FHC aludiu a uma “disseminada rede corrupção”, mencionou a crise econômica, os 11 milhões de desempregados e a crescente dívida pública como motivos para o impeachment.

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FHC confunde uma audiência com centenas de intelectuais bem-informados e preparados com os imbecis que leem a Veja e acham que estão informados. Ao “justificar” o golpe, o tucano atribuiu culpas a Dilma que ela não tem, como ao falar da corrupção na Petrobrás, e usou o aumento do desemprego como motivo para o impeachment…

Essa informação de que FHC acha que desemprego alto justifica o impeachment estarrece qualquer pessoa que não tenha problemas sérios de memória ou (sendo muito jovem) que não tenha fugido da escola, já que durante o governo do tucano o desemprego era muito mais alto que o de hoje.

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Ao tentar explicar à academia por que tramou e ajudou a dar um golpe de Estado, FHC cometeu um ato falho desmoralizante. Aludiu à corrupção na Petrobrás apesar de Dilma não estar envolvida e citou problemas na economia (menores que durante o governo tucano), mas não citou uma vez a razão alegada pelos golpistas para tirarem Dilma do cargo.

A razão “oficial” para a derrubada de Dilma, as tais “pedaladas”, nunca são citadas pelos golpistas porque eles sabem que não são razão aceitável para tirar o mandato de um representante do povo legitimamente eleito.

FHC logo percebeu que não iria conseguir enrolar os intelectuais e cancelou sua participação no evento.

Diante disso, entidades como a Clacso (Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais) programaram o protesto contra a participação de FHC. Distribuíram camisetas com as inscrições “Brasil, La Democracia de Luto” e “Não ao Golpe” – nesta última, o slogan aparece escrito também em inglês e espanhol.

“Respeitamos a decisão da Lasa de convidar a um dos maiores instigadores e incentivadores do golpe no Brasil, porém também convocamos a acompanhar a conferência enchendo o auditório de camisetas pretas em sinal de protesto”, diz um convocatório da entidade latino-americana, incluída no site da entidade.

Uma petição de 162 membros da entidade latino-americana e 337 pesquisadores não associados pedia o cancelamento da conferência de FHC.

Para os pesquisadores, ao dar voz a FHC a entidade pode incorrer em “um desrespeito grosseiro com pesquisadores que têm lutado há tempos para constituir uma estabilidade democrática na região nos dias atuais e nos últimos 50 anos”.

Membro da Clacso e um dos organizadores do ato, o argentino Leandro Morgenfeld disse à Folha a entidade se coloca contra a participação de FHC no evento por ele “ter sido um do principais articuladores do golpe contra a presidente afastada Dilma”. Disse ainda que “é um desatino” chamá-lo para falar em um debate sobre democracia.

É só o começo. FHC e outros golpistas como ele vão terminar seus dias tendo que explicar suas participações no estupro coletivo da democracia brasileira praticado por corruptos que afastaram a presidente honesta para se protegerem da polícia.

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