Fascismo tropical

"Esse fascismo tropical encontrou no histriônico Jair Bolsonaro, em Sérgio Moro e Dallagnol, representantes de peso", escreve Pedro Maciel

(Foto: Reprodução/Twitter/@GeorgMarques)


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Por Pedro Maciel

Estamos assistindo a ascensão do fascismo e do nazismo no Brasil. Esse fato social não é recente, vem ocorrendo passo a passo, contudo, tornou-se mais perceptível a partir das marchas de junho de 2013.  

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 Esse fascismo tropical encontrou no histriônico Jair Bolsonaro, em Sérgio Moro e Dallagnol, sempre com ajuda dos grandes veículos de imprensa, representantes de peso.

 Através da retórica e das ações deles o país chegou à normalização da barbárie.

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 Hoje em dia ofensas verbais, agressões físicas, destruição de reputações, vitimam todos que se oponham ao bolsonarismo, o que não causa qualquer indignação aos próprios bolsonaristas.   

 Chico Buarque, um dos patrimônios culturais do país, foi ofendido, ameaçado e chamado de “viado” na saída de um restaurante no Rio de Janeiro; a vereadora Marielle Franco foi assassinada por um miliciano, “coincidentemente” vizinho de Bolsonaro; meu filho, jornalista que tem como empregador a maior rede de TV do Brasil, foi agredido violentamente apenas por estar trabalhando.

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 Mas não é só.  

 O bolsonarismo busca destruir toda a institucionalidade: STF, Congresso, estruturas de Estado que são atacados e desqualificados diariamente por uma horda de incautos alucinados, seduzidos por um discurso de orientação nazifascista. Por que? Porque o bolsonarismo é espécie do gênero fascismo, assim como o nazismo alemão e o integralismo de Plinio Salgado.  

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 Se na Europa do entreguerras o mundo assistiu a ascensão do Fascismo e do Nazismo- num período marcado por crises econômicas e pelo descredito da população nas instituições –, no Brasil o fascismo tropical de Bolsonaro encontrou terra fértil e saiu do chorume no qual estava mergulhado, tudo a partir das marchas de junho de 2013, da Lava-Jato e do impeachment de Dilma, tudo regado a muita propaganda.  

 Das crises do entreguerras – sociais, políticas e econômicas – presentes numa Europa que aos poucos viu o número de conflitos sociais crescerem, surgiram os movimentos de esquerda, onde os sindicatos exerceram importante papel, movimentos e partidos que foram perseguidos e destruídos pelo nazismo.

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 A euforia e o otimismo, tão presentes na Europa do século XIX, abriram espaço no entreguerras para: (a) o pessimismo e o descrédito e (b) para o surgimento de um nacionalismo agressivo pregado por Mussolini na Itália e por Hitler na Alemanha.   

 Por aqui, após as marchas de junho de 2013 e da propaganda midiática que ocorreu diuturnamente contra o governo Dilma Rousseff, ressurgiram ideias de inspiração nazifascistas como solução de uma crise, que foi real, mas amplificada artificialmente.

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 O mesmo nacionalismo agressivo e pilantra da Europa do entreguerras - surgido como solução por lá, acabou ganhando força por aqui e, na onda e retórica beligerante de Bolsonaro.

 Bolsonaro apoia a sonegação fiscal, as rupturas institucionais, ditaduras e tortura, ele é machista, misógino, racista, homofóbico, grosseiro e não tem nenhum projeto para o Brasil, é um ser tão abjeto que usa sem constrangimento o slogan integralista “Deus – Pátria – Família”. Um fascista.

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 No Brasil de Bolsonaro, a violência, a ditadura, a tortura, a intervenção militar, a ruptura institucional, a institucionalização da corrupção através do orçamento secreto; a demonização da cultura, da ciência, da educação, o desrespeito e o deboche foram normalizados e passaram a ser vistos como comportamento das “pessoas de bem”.

 No Brasil de Bolsonaro a separação do público e privado deixou de existir, tudo pertence ao universo do plenipotenciário fascismo dos trópicos, cujo líder é Jair Messias Bolsonaro, alguém que até outro dia usava o auxílio-moradia para “comer gente”, segundo suas palavras.   

 A Alemanha, derrotada na Primeira Guerra Mundial, viu nas ideias nazistas de Hitler a solução para sua recuperação. Já a Itália, mesmo vitoriosa na Primeira Guerra, viu em Benito Mussolini o líder que através do fascismo salvaria a Itália da crise. E no Brasil, contaminado pela publicidade contra o PT e contra as esquerdas, Bolsonaro e suas ideias apodrecidas surgem como solução não se sabe para que.  

 Bolsonaro por aqui, como Hitler e Mussolini, conseguiu formar grupos de extrema direita, uma horda de gente que não é capaz de argumentar, apenas de agredir, ofender e destruir pessoas, são pessoas travestidas de patriotas. Há entre eles pessoas de boa-fé, mas são ignorantes, há milicianos e canalhas de todo gênero, que vivem para impor ideias nacionalistas, racistas e atrasadas.

 Bolsonaro, como Hitler, criou um “inimigo interno”, o PT – ou a petralhada como ele diz, os comunistas, o comunismo, o globalismo e uma série de bobagens que são, tristemente reproduzidas por gente de quem gostamos ou gostávamos...  

 Não estou exagerando, basta que lembremos que os líderes alemão e italiano acabavam com os comícios de seus adversários com muita violência e que, qualquer tipo de manifestação socialista, era vítima das organizações paramilitares que assassinavam – com o aval do Estado – pessoas ligadas ao “perigo vermelho”, exatamente como faz Bolsonaro.  

 Pode-se perceber que a construção do medo do comunismo e do socialismo, assim como as ideias de esquerda, estiveram presentes em vários processos históricos ao redor do mundo; que a falta de informação de muitos e a má-fé de alguns, levam pessoas a acreditarem até hoje que o Partido Nazista, por carregar o nome de Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, estava ligado às ideias socialistas, quando na realidade o socialismo e o comunismo foram grandes inimigos desses regimes totalitários e a utilização dos termos “socialista” e “trabalhadores” foi uma estratégia para conquistar os trabalhadores afastando-os do que consideravam perigoso: as ideias de esquerda que vicejavam no mundo.  

 Uma vitória de Bolsonaro significará a vitória do fascismo, a destruição de toda a institucionalidade, da mentira, da corrupção, das milícias, além do fim do Estado Democrático de Direito.

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