Falta o anti-Bolsonaro
"A maioria dos brasileiros não votou nem concorda com declarações, medidas e atos de Bolsonaro. Acho absurdo, inaceitável, ridículo, etc etc. Mas 'ninguém reage' – ou seja, ninguém sai para protestar na rua", diz Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia; O mais sensato, diz ele, "seria os partidos que se opuseram a ele na campanha aturarem em bloco, sob a liderança daquele que foi o mais bem votado, Haddad"; "A ditadura militar de 64 deitou e rolou enquanto a oposição se digladiava e só caiu quando até a extrema-esquerda aceitou fazer parte de uma aliança liderada por Ulysses Guimarães, que era conservador", compara
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Por Alex Solnik, colunista do 247 e membro do Jornalistas pela Democracia
Muita gente se espanta. E não é para menos. A maioria dos brasileiros não votou nem concorda com declarações, medidas e atos de Bolsonaro. Acho absurdo, inaceitável, ridículo, etc etc. Mas "ninguém reage" – ou seja, ninguém sai para protestar na rua.
Por que "ninguém reage" se a popularidade dele despenca e já perdeu, em 100 dias, 15 milhões de seus 55 milhões de eleitores? Vontade de "reagir" não falta. Mas por que a insatisfação não sai dos bares para as avenidas?
Eu acho que falta um líder, falta um anti Bolsonaro.
Na teoria, deveria ser Haddad. Foi o candidato da oposição que chegou mais longe.
O mais sensato – se houvesse sensatez na política, especialmente na brasileira – diante de um presidente que força a implantação de uma nova ditadura de extrema-direita no país, seria os partidos que se opuseram a ele na campanha aturarem em bloco, sob a liderança daquele que foi o mais bem votado, Haddad. Eles não precisam concordar em todos os temas, mas poderiam assinar uma agenda comum em defesa dos valores republicanos e democráticos.
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Acontece que nem dentro do PT Haddad tem aval para assumir esse papel. Para piorar, a esquerda se ocupa mais em brigas internas e em destruir políticos que não são de esquerda, embora sejam críticos a Bolsonaro. Para piorar ainda mais, aquele que seria o grande anti Bolsonaro, o maior deles, está na cadeia, proibido de dar entrevistas e tentando dar um rumo à oposição, o que é impossível para quem está preso.
Lula perguntou há alguns dias por que o deixam preso se a eleição já acabou.
Eu acho que é por temerem que, solto, será o líder da oposição, será o Ulysses Guimarães das Diretas Já, o Winston Churchill da vitória contra Hitler.
Sem Lula no cenário ficou fácil para o governo. Por mais burradas e maldades que cometa sabe que a oposição não se entende entre si e por isso seu poder é dividido também. Não ataca em bloco. Maia abriu um confronto com Bolsonaro, mas não vi a oposição ao seu lado.
O governo é fraco, mas a oposição também é.
Lições do passado parecem ter sido esquecidas.
A ditadura militar de 64 deitou e rolou enquanto a oposição se digladiava e só caiu quando até a extrema-esquerda aceitou fazer parte de uma aliança liderada por Ulysses Guimarães, que era conservador.
Os nazistas só foram derrotados quando o líder comunista (Stalin) se uniu aos líderes capitalistas (Roosevelt e Churchill).
E aceitou o comando de Churchill.
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