Falta ao grande líder Lula ser também nosso grande herói
"Soberania já! Democracia sempre! Anistia nunca mais!", escreve Hildegard Angel
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Por Hildegard Angel, para o 247
Se não se acovardar, atendendo ao capricho de generais de terem ingerência na escolha de seu ministério, Lula, além de “o maior presidente do Brasil”, poderá ser o “grande redentor da Pátria”. Será eterno. Uma lenda latina talvez à altura do libertador Simón Bolívar.
Quando um Presidente do Brasil tiver a firmeza de exercer sua devida autoridade e romper os grilhões da "conciliação crônica", que esmaga a nossa identidade democrática, deixando-nos à mercê de correntes militares com projetos próprios de poder, o Brasil será redimido desse círculo perverso.
Só assim poderemos ser o grande país almejado, aquele exaltado em hinos, que não refletem nossa realidade. Neste seu terceiro mandato como presidente do Brasil, abre-se a Lula a perspectiva de coroar sua trajetória política com o ímpeto heroico de um libertador.
A história republicana no Brasil é pontuada por golpes de estado, protagonizados por militares ou não, sempre com o mesmo argumento: corrupção e comunismo.
Ora, bolas! Nossa corrupção vem de longe, desde “o capuz vermelho, a carapuça de linho e o chapéu sombreiro preto”, presenteados aos índios pelos primeiros portugueses desembarcados na Terra de Vera Cruz, segundo a carta de Pero Vaz de Caminha.
Em 1567, para ajudar os portugueses a afugentarem os franceses da Baía de Guanabara, o índio Araribóia, do povo Tupi, combateu os Tamoios. Índios matando índios, em troca de Araribóia ganhar de presente a ilha de Niterói. Corrupção.
No Primeiro Reinado, “negócios escabrosos” eram intermediados pela amante do imperador Dom Pedro I, a Marquesa de Santos, em troca de joias e muitos contos de réis. Corrupção.
Nos Séculos XVIII e XIX, no período colonial, imagens de santos “do pau oco” eram sistematicamente enviadas a Portugal, recheadas com ouro roubado nas capitanias das Minas Gerais e de São Paulo. Corrupção.
Chega a ser patética a insistência dos golpistas em amedrontar os brasileiros com o fantasma do comunismo, ideologia política soterrada sob o falecido Muro de Berlim, seu maior símbolo. Apenas China, Cuba e Coréia do Norte obedecem hoje à doutrina comunista, com significativas mudanças e distensões, exceto na repressão e na censura.
A China inovou com seu “socialismo de mercado”, em que é mantido o controle estatal sobre a economia, mas não há veto à propriedade privada nem restrição à acumulação pessoal de riquezas.
No período Obama, Cuba estabeleceu ligações financeiras com os EUA, que a retiraram de sua lista de nações patrocinadoras de terrorismo e as embaixadas foram reabertas. Parte desse acordo foi posteriormente melada por Trump, restringindo as transferências de recursos e as viagens de norte-americanos àquela ilha.
A Coréia do Norte é o único dos três países que pratica o comunismo “puro sangue”, mas bem distante de qualquer possibilidade de vir “assombrar” as criancinhas brasileiras.
Nossas Forças Armadas são tratadas como crianças mimadas, que não podem ser contrariadas, senão batem o pé, dão murro na mesa, quebram tudo e escrevem mensagens ameaçadoras no Twitter. Elas servem à Pátria, e não o contrário.
Depois dessa luta, em que brasileiros desdobraram, fibra por fibra, suas últimas energias, para libertar e afastar o país do monstro do fascismo, representado pelo tenebroso Jair Bolsonaro, há que existir uma recompensa, uma transformação que a justifique.
Uma peleja contínua, aguerrida, exaustiva, movida a esperança e amor incontido à pátria, como a que nos levou a essa vitória de muitos vencedores, de incontáveis heróis anônimos e sabidos, não merece ser desconsiderada e resultar na mesmice histórica de vermos nossa Constituição com joelhos dobrados, cabeça curva, voz balbuciante e interpretação grosseira de seu texto.
Soberania já! Democracia sempre! Anistia nunca mais!
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