Falta alguém em Nuremberg
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O título do conhecido livro do jornalista David Nasser – “Falta alguém em Nuremberg” - me veio à cabeça depois de assistir à sessão de hoje da CPI da Covid.
O subtítulo “Torturas da Polícia de Filinto Strubling Muller” também vem a calhar.
O caso é que, como foi anunciado hoje, as oitivas da CPI vão começar na semana que vem: terça-feira, Mandetta e Teich; quarta, Pazuello; quinta, Queiroga e Antônio Barra Torres. Todos como testemunhas, não investigados.
O presidente da CPI, Omar Aziz, gosta de repetir que não serão investigadas pessoas, e sim fatos, mas isso é impossível, porque os fatos não acontecem por vontade própria, as pessoas é que os produzem.
Mas ele tem razão ao dizer que não é a CPI que julga os responsáveis, não se trata de um tribunal.
É ela, porém, que fornece os fatos potencialmente criminosos, por meio de informações de vários órgãos do governo e dos depoimentos das testemunhas.
As testemunhas não são investigadas, mas podem ser até presas em flagrante se faltarem com a verdade.
Eu sei que a constituição não permite à CPI convocar para depor presidente da República, mas nesse caso seria imprescindível porque por trás de cada depoimento de cada ministro da Saúde há uma pessoa em comum: Bolsonaro.
O governo só teve ministro da Saúde enquanto Mandetta comandava; quando foi demitido quem assumiu foi o próprio Bolsonaro, porque a condição para ser ministro era obedecer às suas diretrizes e não às da OMS. Teich rejeitou a cloroquina e caiu. A exceção foi Pazuello: obedecia a Bolsonaro de olhos fechados (“um manda, outro obedece”), mas foi derrubado pelo escândalo da falta de oxigênio em Manaus.
Bolsonaro deveria ser convocado a depor como testemunha. Se prestasse falso testemunho – o que costuma fazer dia sim, outro também – sairia algemado.
A CPI vai, de qualquer modo, redundar num julgamento no final.
Se estivesse vivo, David Nasser poderia escrever um novo livro com o mesmo nome: “Falta alguém em Nuremberg”.
Com novo subtítulo: “Torturas da Política de Bolsonaro"
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