Falar diretamente com o povo é o caminho para derrotar o fascismo
A esquerda brasileira enfrentou a ditadura dos generais e sobreviveu, enfrentaremos a emergência do fascismo bolsonarista e venceremos. Para isto, é preciso falar do que de fato aflige o nosso povo. Sem academicismos ou parolagem
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A vitória de Jair Bolsonaro em 2018 se deu em pleito eleitoral marcado pelo golpismo desde o seu nascedouro, haja visto que o favorito em todas as pesquisas, Lula, estava encarcerado e impedido de disputar as eleições. Essa vitória inicialmente causou um impacto profundo nas hostes da esquerda brasileira e no Partido dos Trabalhadores em especial.
Ainda sentindo os efeitos do golpe de 2016 que derrubou Dilma Roussef, além de sofrer estrondosa derrota no pleito municipal do mesmo ano, o PT, a principal força do campo progressista parecia que iria sucumbir aos ataques que vinham de todos os lados.
Não foi o que se deu.
Mesmo com perdas significativas o partido conseguiu eleger a maior bancada na Câmara dos Deputados, 04 governadores e colocar o seu candidato Fernando Haddad no segundo turno das eleições presidenciais.
Esse saldo, porém, apesar de positivo, não serviu de anteparo para o verdadeiro baixo-astral que tomou conta das esquerdas com a emergência do bolsonarismo.
Ultrapassada essa fase, afinal já estamos a 400 dias de Bolsonaro é preciso repensar caminhos para que recuperemos terreno e possamos voltar a ganhar a adesão das grandes massas da população que apenas observa o desenrolar dos acontecimentos.
Vivemos em um país onde mais da metade de sua população sobrevive com menos de míseros 500 reais/mês; população cujo centro de suas preocupações é levar o mínimo para a subsistência para seus familiares; as periferias das grandes cidades assoladas pelo aumento da criminalidade do tráfico, das milícias e da violência do Estado; um caótico serviço de transporte público, que faz com que o deslocamento se transforme em verdadeira via-crucis para as camadas populares; um serviço de saúde que
subfinanciado não consegue suprir o mínimo necessário para quem dele precisa; um desemprego recorde e a chamada uberização da economia, formam o quadro que produz o desalento da imensa maioria do povo brasileiro.
Entender essa dinâmica é crucial para a recuperação do potencial de mobilização e luta das brasileiras e brasileiros. É urgente começarmos a formular propostas concretas para superar os dramas do povo. Não basta, apesar de justo e necessário a divulgação de nosso legado à frente dos governos.
Sem apresentarmos alternativas ao que está aí, continuaremos andando em círculos presos nas bolhas do nosso campo e cada vez mais afastados do dia a dia de nosso povo.
Precisamos compreender as novas fórmulas de diálogo com a juventude das periferias; temos que por a nu o descalabro do racismo estrutural que perdura em nossa pátria; é imprescindível demonstrar que sem uma justa política que rompa com essa iníqua concentração de rendas e riquezas não haverá desenvolvimento social.
Nossas tarefas são gigantescas. Mas nada que nos faça recuar perante as dificuldades.
A esquerda brasileira enfrentou a ditadura dos generais e sobreviveu, enfrentaremos a emergência do fascismo bolsonarista e venceremos.
Para isto, é preciso falar do que de fato aflige o nosso povo. Sem academicismos ou parolagem.
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