Exclusivo: Delcídio aponta propinas na Petrobras de FHC

(Foto: Alex Solnik)


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No Termo de Colaboração número 19, prestado às 22h07 de 14 de fevereiro de 2016, na sede do Ministério Público Militar, em Brasília, o senador Delcídio do Amaral revelou que o esquema de propinas na Petrobrás não foi criado pelo PT, já rolava na gestão de Joel Rennó, que se iniciou em 1992 e se estendeu até o final do primeiro mandato presidencial de Fernando Henrique Cardoso, conforme consta do Anexo 11 de sua delação premiada, denominado "Propinas na aquisição de sondas e plataformas na gestão Joel Rennó":

"Delcídio do Amaral tem conhecimento de ilícitos perpetrados entre a Marítima, de German Efromovitch e a Petrobrás, quando era presidida por Joel Rennó (1992-1999) envolvendo o fornecimento de sondas e plataformas de petróleo. No início dos anos 1990, a Marítima era apenas uma pequena empresa que certificava a funcionalidade de equipamentos submersos fornecidos à Petrobrás para a produção de petróleo na Bacia de Campos. Em um curto espaço de tempo a Marítima teve um crescimento vertiginoso e passou a fornecer sondas e plataformas para a Petrobrás".

"O primeiro ilícito ocorreu na aquisição da plataforma P-36 que seria utilizada no Campo de Marlin e depois deslocada para o Campo do Roncador. Tal plataforma dever ser entregue em 1998, porém, somente chegou ao Rio de Janeiro no final de 1999 e ainda estava incompleta. Pelo contrato entre a Marítima e a Petrobrás a aquisição da plataforma custaria aproximadamente US$400 milhões à Petrobrás. Contudo, depois de tantos atrasos injustificados da Marítima em entregar a plataforma, fazendo, inclusive a Sonda P-36 passar pelo Canadá e por Singapura antes de aportar no Rio de Janeiro, o custo atingiu mais de US$500 milhões em nítido prejuízo para a Petrobrás.

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Outra aquisição que também seguiu o mesmo "modus operandi" é a plataforma P-37, contratada através de um processo licitatório no qual os dois proponentes, entre eles a Marítima foram, a princípio, desclassificados. Todavia, sem maiores explicações, a diretoria da Petrobrás, na ocasião, surpreendentemente, reabilitou a Marítima, viabilizando, com isso, a construção da plataforma P-37 pela empresa de German Efromovitch, sendo a taxa de previsão de conclusão da plataforma no ano de 1998, mas a entrega teve um atraso de quase dois anos entre a entrada em operação e o prazo contratado. Tal plataforma, que inicialmente custaria US$280 milhões acabou custando aos cofres da Petrobrás US$350 milhões, mais uma vez em nítido prejuízo à estatal.

Delcídio do Amaral sabe que situação similar às narradas anteriormente ocorreu com a contratação, sem licitação, da plataforma P-40, a qual seria instalada no Campo de Marlin. Tal plataforma deveria operar em 1999, todavia somente foi entregue dois anos depois. O valor inicial da plataforma P´40 era de US$300 milhões, mas acabou custando US$400 milhões para os cofres da Petrobrás.

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Delcídio do Amaral também tem conhecimento das ilicitudes na aquisição, pela Petrobrás, das seis sondas de perfuração "Ametistas" junto à empresa Marítima. Sucessivos atrasos e sobrepreços custaram milhões de reais para a Petrobrás.

Tais irregularidades levaram Delcídio do Amaral, como um dos diretores da Petrobrás após a gestão de Joel Rennó, a promover o cancelamento de vários contratos com a Marítima, gerando diversos processos bilionários de arbitragem nas Cortes de Londres e de Nova York. Joel Rennó, à época, gozava de apoio politico que nenhum presidente da companhia teve ao longo de sua história, o que se atesta pela sua longevidade à frente da Petrobrás".

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O primeiro a denunciar propinas na gestão de Rennó foi o jornalista Paulo Francis. Para silenciá-lo, Rennó abriu processo contra ele no qual queria ser indenizado em US$100 milhões. Francis morreu antes que o processo terminasse. O enfarte do miocárdio teria sido consequência de suas preocupações em relação à causa, pois o jornalista fizera as acusações por ouvir falar, mas não tinha provas tão substanciosas quanto as de Delcídio.

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