EUA: Trump estimula violência política dos supremacistas brancos na campanha

O colunista e ativista político e social Milton Alves comenta sobre a campanha eleitoral de Trump. Ele diz: "Trump apela abertamente para uma mobilização dos grupos extremistas com o objetivo de intimidar parcelas do eleitorado e provocar confusão nas ruas para pedir mais lei e ordem. É a aposta do republicano. Vai que dá certo"

Donald Trump
Donald Trump (Foto: Reuters)


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A campanha eleitoral nos Estados Unidos revelou a intensidade da polarização política e social que corta de ponta a ponta a sociedade norte-americana. Além dos numerosos e massivos protestos antirracistas e contra a violência policial, após a morte do negro George Floyd em maio, cresceu também nos últimos meses uma ativa militância de supremacistas brancos da extrema-direita.

Grupos como Boogaloo Boys e os Proud Boys [algo como ‘rapazes orgulhosos’] entraram em cena nas ruas e redes sociais com mensagens racistas, misóginas e de defesa de uma ‘segunda guerra civil’ para livrar os Estados Unidos do “globalismo”, “do socialismo”, “da agenda do multiculturalismo” e pela restauração de valores conservadores de uma ancestral “família patriarcal”.

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No debate presidencial da última terça-feira (29), o primeiro entre o republicano Donald Trump e o candidato democrata Joe Biden, a questão da violência política dos grupos supremacistas apareceu com destaque.

Trump mencionou os Proud Boys em uma pergunta sobre a necessidade de medidas para conter a violência dos grupos de supremacistas brancos armados. “Proud Boys – recuem e fiquem parados”, disse ele. Uma resposta dúbia e que gerou a comemoração nas redes sociais dos grupos milicianos, que interpretaram a afirmação como uma forma de encorajamento e estímulo.

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Trump declarou também que a violência vinha exclusivamente de ativistas de extrema esquerda: “Alguém tem que fazer algo sobre a antifa e a esquerda, porque este não é um problema de direita”. Ou seja, o republicano tentou jogar a conta da violência nas ruas para Joe Biden e aos governadores democratas.

A campanha entra na reta final e em quatro semanas o eleitorado vai se pronunciar. Aliás, a votação via correios já começou, um mecanismo questionado por Trump e a extrema direita.

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Os próximos dias serão decisivos para a sobrevivência política de Donald Trump, que tenta um segundo mandato abalado por uma condução errática e negacionista diante da pandemia do novo coronavírus [ele e a esposa foram contaminados] e pela forte crise econômica.

Trump apela abertamente para uma mobilização dos grupos extremistas com o objetivo de intimidar parcelas do eleitorado e provocar confusão nas ruas para pedir mais lei e ordem. É a aposta do republicano. Vai que dá certo…

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A nova direita supremacista dos Estados Unidos:

Proud Boys – grupo de extrema direita fundado em 2016 pelo canadense-britânico Gavin McInnes. De perfil racista, misógino e conservador. Atua contra os direitos civis de mulheres, negros, imigrantes e lgbtqia+. Defende a consigna trumpista “Make America Great Again”. Um traço do grupo é o uso de camisas polo pretas e amarelas da marca Fred Perry com bonés ou chapéus com palavras de ordem de exaltação da América Grande. Operam com violência contra as manifestações e protestos antirracistas.

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Boogaloo Boys – uma tribo urbana de extrema-direita nascida em redes sociais que tem provocado atos de violência em diversas regiões do país. Segundo o The Washington Post, o movimento ‘boogaloo’ tornou-se uma ameaça no mundo real nos últimos meses, quando as autoridades federais acusaram alguns de seus apoiadores de procurar criar o caos em manifestações em sua maioria pacíficas. Estudiosos de grupos extremistas apontam que o Boogaloo é mais uma ideologia de ação contra o establishment do que um movimento formal. O movimento não tem um líder, sede ou estrutura de comando, apenas páginas e sites nas redes sociais para a convocação e propaganda. A estética boogaloo é marcada pelo uso de floridas camisas havaianas e da exibição de armas de grosso calibre. Os boogaloo atuam praticamente como uma milícia nas ruas.

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