#Eu também
Cresci numa casa cheia de homens e numa família machista pra cacete. Reproduzi esse machismo durante alguns anos. Eu não me dava conta dele, apenas o reproduzia. ninguém reclamava e ficava tudo por isso mesmo. Se já fui escroto com as garotas? Porra, claro que sim, até me dar conta de que aquilo que eu fazia era uma escrotidão. Desde então, me policio todos os dias
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eu também acho que faltam relatos masculinos de nossas escrotidões. senão a coisa continua escrota.
sei que o feminismo é uma luta delas, mas o luto deveria ser de todos nós.
afinal, somos nós, os homens, que as matamos.
não, Lelê, são os homens, e não "nós homens", dizem uns.
cara, seja homem, porra!
e oh, não é dando like nos relatos das meninas que vamos deixar de matá-las.
é preciso se desmachificar e, pra isso, é preciso deixar a hipocrisia de lado.
a hastag o meu primeiro assédio, eram as mulheres a falar dos abusos que sofrem a partir dos doze anos.
queriam com aquilo solidariedade, mas só receberam sororidade.
embora quase todas as meninas diziam ter sofrido assédio na infância, nenhum menino apareceu para dizer que já assediou.
porra, e quem diabos assedia essas meninas, então?
as hashtags são elas se sororizando.
mas me parece que elas estão a falar com elas mesmas, porque quem deveria lhes dar ouvidos, está apenas a lhes oferecer likes.
eu cresci numa casa cheia de homens e numa família machista pra cacete. reproduzi esse machismo durante alguns anos.
eu não me dava conta dele, apenas o reproduzia. ninguém reclamava e ficava tudo por isso mesmo.
se já fui escroto com as garotas? porra, claro que sim, até me dar conta de que aquilo que eu fazia era uma escrotidão.
desde então, me policio todos os dias.
eu não era aquilo, mas aquilo fazia parte de mim, porque fazia parte da minha formação, toda a minha informação vinha naquele formato: a TV, o cinema, a música, as posições sociais; o patriarcado me cercava como uma ideologia.
tive que ser um revolucionário contra mim mesmo para me desmachificar.
o racismo não acaba com negros dizendo que sofreram racismo, mas com os brancos assumindo que vão se policiar e calar a cultura que grita neles.
com o machismo se dá o mesmo.
não é a vítmia que resolve o problema ao relatá-lo, com o relato ela desabafa, denuncia, desnaturaliza.
mas não é com urros que o leão finda o seu sofrimento.
o leão só deixa de apanhar quando o domador larga o chicote.
palavras sapienciais.
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