Eu fui e vi
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Eu fui e vi o que ninguém nunca havia me contado. Vi Moscou, o marco zero da maior experiência civilizatória da História da humanidade.
Eu vi uma cidade impecável. Com ruas vivas e limpas. Vi seus prédios cercados de parques e jardins. Suas avenidas grandiloquentes e organizadas, que escondem verdadeiros palácios subterrâneos o qual chamam de metrôs.
Vi o valor dado a tudo o que é de todos. Vi uma história milenar que foi muito mal contada em minha terra. Vi monumentos de verdadeiros heróis que ousaram não apenas acreditar que nada era impossível, mas realizar aquilo que nunca antes havia sido feito.
Vi uma cidade que respira seus heróis que libertaram a humanidade do nazismo e que tem em cada família um ente querido que deu a sua vida para que eu e outros centenas de milhões como eu, pudéssemos ser o que sou.
Vi aquilo que julgava inexistente até em meus sonhos. Vi um parque que unia o maior país do mundo, com mais de 500 hectares, 40 restaurantes, 20 museus, infindáveis cafés, monumentos que celebravam a união da classe trabalhadora com a estátua de Lênin à frente de um panteão escrito em alfabeto cirílico “Grande Jardim da União das Repúblicas Soviéticas”. E estávamos em 1937… E tudo ainda está aqui.
Vi muito o que apenas os olhos podem ver e que faltariam espaço para por tudo em palavras… pois há ainda muito o que as palavras não conseguem reproduzir…
Senti também aquilo que temia… que o tempo e a geografia haviam me traído… pois era aqui que eu deveria ter estado… sempre me percebi um estrangeiro em minha própria terra, mas pensava que talvez fosse só um sentimento. Não, nunca foi. Era a verdade.
Vi o que foi o socialismo soviético. E ele foi exatamente tudo o que ainda há. Um estranho paradoxo ainda incompreensível pelas dimensões aferidas pelos Homens, mas existente aos olhos.
Por qual razão tudo se perdeu? Eu tinha muito mais respostas a essa pergunta antes de ter visto o que vi.
O capitalismo recuou na Rússia. A sua prosperidade não faz seu povo e nenhum povo de qualquer nação empobrecer. O mesmo ocorre com a China. Ela enriquece a passos largos e nenhum país empobrece com isso.
Os países capitalistas desenvolvidos prosperam sob o custo da miséria e sofrimento de todos os povos que vivem sob o seu julgo. Os países imperialistas construíram o seu “Estado de bem estar social” esmagando nações inteiras, quando não continentes inteiros. Vi que um outro modelo de desenvolvimento é possível.
Viver no capitalismo é ver uma sociedade inteira se apequenar com a tragédia do possível e se satisfazer com as migalhas dos pães que só serão mais fartos na eternidade de um suposto paraíso que não existe.
Penso que o socialismo começou o seu declínio quando de alguma forma a sua sociedade não só parou como proibiu a produção de homens e mulheres que pensavam em realizar o impossível. Houve traição não só na política, mas no espírito dessa sociedade.
Como foram de Lênin à Boris Yeltsin? De um gênio político a um alcoólatra fanfarrão?
Talvez a civilização seja realmente apenas uma fina e tênue camada de verniz sob a qual, uma vez rachada, emerge a brutal barbárie e alienação.
Por isso os verdadeiros soviéticos construíram suas grandes obras em sólidos e vívidos mármores. Para serem lembradas. Uma contra-revolução sempre esteve em seus cálculos. Ela veio. Pensaram eles que os povos iriam depois refutar a volta das relações do capital com ainda mais força. Até a parte da contra-revolução eles não erraram.
Agora cabe a cada um de nós fazermos de nossas vidas uma luta incessante por aquilo que achamos ser impossível. Pois é exatamente o que dizem ser impossível o que, na justa medida, a humanidade precisa.
Ninguém me falou. Eu fui e vi.
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