Eu e o grande irmão
Tenho uma longa convivência com os olhos e ouvidos do "grande irmão". Desde os tempos universitários, quando era um simples monitor de disciplinas do curso de Filosofia, na Universidade Católica de Pernambuco (idos anos 70) eu sabia que havia espiões do Quarto Exército infiltrados nas turmas de alunos da Faculdade
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Tenho uma longa convivência com os olhos e ouvidos do "grande irmão". Desde os tempos universitários, quando era um simples monitor de disciplinas do curso de Filosofia, na Universidade Católica de Pernambuco (idos anos 70) eu sabia que havia espiões do Quarto Exército infiltrados nas turmas de alunos da Faculdade. Depois, como professor da instituição religiosa (1975) recebi, mais de uma vez, admoestação e ameaças para maneirar o tom de certas aulas, se não quisesse sofrer represálias (tive uma aluna casada com um coronel da Aeronáutica que chegou a fazer uma ameaça velada, caso fosse reprovada na disciplina ministrada por mim).
Em 1977, no bojo da grande greve que se abriu na Universidade de Brasília, tive a grata surpresa de ver um álbum completo, cheio de fotografias, sobre a minha distinta pessoa, nas mãos do delegado da PF, que comandou o inquérito para apurar eventuais infiltrações políticas da paralisação estudantil. Fiquei impressionado com a obra de arte. Quando voltei a Pernambuco, para lecionar na UFPE, tive a imensa satisfação de receber das mãos de minha ex-companheira, uma cópia do prontuário guardado no arquivo do DOPS sobre mim, ali apontado como "amásio" da referida esposa.
Eis que passada a tenebrosa ditadura, surgiu - no início do governo Bolsonaro, uma famosa "lista" de professores comunistas, na UFPE, encabeçada por quem? - Pelo capeta, naturalmente. Como, de outras vezes, era apontado como "líder", "cabeça", "mentor" da agitação vermelha na Universidade Federal de Pernambuco. Não sei de onde é extraída tanta criatividade conspiratória e persecutória desses espiões e escutas clandestinas. Talvez se comportem como os cães de Pavlov, vêm a cor vermelha e partem para o ataque! De toda maneira o que me assusta, nesses meios e ambientes invasivos, é que, dado ao arbítrio e a ignorância, sejam capazes de perseguir e prejudicar pessoas inocentes. Não tenho nada a esconder de ninguém.
A minha vida é um jornal aberto, embora sofra censuras. O meu "curriculum lattes" (que não morde), contém todas as informações sobre o que eu penso, faço e escrevo. A imprensa de Pernambuco e os blogs estão recheados de artigos, opiniões, entrevistas, resenha de livros (e também dos processos dos políticos do Estado) sobre a minha humilde pessoa. A essa altura da vida, fica muito feio e indigno renegar aquilo que já foi feito em quase 70 anos de existência. Mas é lícito se preocupar com aquelas pessoas de boa vontade, que nunca tiveram envolvimento político nenhum, que possam vir a ser objeto de perseguição ou investigação policial.
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