Eu defendo financiamento público para campanhas eleitorais
"Não é uma panaceia - o poder econômico sempre arranja outros meios de desequilibrar o jogo, vide os "movimentos de renovação política" tipo Acredito, RenovaBR e RAPS. Mas ajuda", escreve o professor de Ciência Política da UnB Luis Felipe Miguel
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Por Luis Felipe MIguel
Eu defendo financiamento público exclusivo para campanhas eleitorais.
Trata-se, obviamente, de uma forma de reduzir as vantagens do poder econômico nas eleições.
Não é uma panaceia - o poder econômico sempre arranja outros meios de desequilibrar o jogo, vide os "movimentos de renovação política" tipo Acredito, RenovaBR e RAPS.
Mas ajuda.
Além de equalizar um pouco a disputa, a medida deveria contribuir para reduzir os custos de campanha.
Campanhas mais baratas são boas por dois motivos.
Com menos pirotecnia, os candidatos precisam expor mais quem são e o que pretendem. E elas reduzem a possibilidade de lavagem de dinheiro.
O fundo eleitoral de 5,7 bilhões de reais sabota tudo isso.
É um valor absurdo, sobretudo no momento em que, estrangulado pela emenda 95 e pela política de Guedes, o país se encontra carente de tudo.
E é um chamamento à roubalheira nos partidos.
A maior parte deles, como se sabe, tem baixa transparência e ausência de controles internos.
Alguns se parecem com quadrilhas.
Bolsonaro disse que vai vetar o fundo eleitoral.
Depois, recuou um pouco e disse que vetar é "tendência".
Em 2019, ele disse que vetaria o fundo de 2 bilhões e acabou não vetando.
Não é improvável que aconteça o mesmo agora.
É a tática para agradar simultaneamente ao gado (que fica feliz com palavras vãs) e ao Centrão (que é bem mais apegado à materialidade).
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