Estupra a dor
“mestre, se acaso tua filha ou tua esposa fossem estupradas – note que isso é uma probabilidade não muito remota, dado os dados que nos chegam – o senhor deixaria ela ter o filho? e se ela o tivesse, ele seria registrado em nome do pai, o vil violentador, ou o senhor assumiria como teu o fruto desta brutal violência?”
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os çábios da minha aldeia costumam se reunir às sextas-feiras de lua.
sempre homens.
nessas reuniões, costumam dissertar sobre tudo e sobre todos.
os machos se juntam, sempre, em volta da luz que emana de uma fogueira.
bebem, se abraçam, gritam, elogiam uns aos outros e falam mal de suas mulheres.
é sempre assim na nossa ágora ígnea.
dessa vez falavam sobre o aborto. diziam que, mesmo sendo estuprada, a mulher não deveria abortar.
então, levantei o dedo e perguntei:
“mestre, se acaso tua filha ou tua esposa fossem estupradas – note que isso é uma probabilidade não muito remota, dado os dados que nos chegam – o senhor deixaria ela ter o filho? e se ela o tivesse, ele seria registrado em nome do pai, o vil violentador, ou o senhor assumiria como teu o fruto desta brutal violência?”
o fogo seguiu crepitando, não se ouviu palavra.
questões enigmáticas.
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