Estudantes da região de Blumenau se juntaram em foto para formar suástica nazista, denuncia ex-ministra dos Direitos Humanos
Ideli Salvatti diz que a propaganda neonazista está espalhada em Santa Catarina, sobretudo em Blumenau, onde houve ataque a creche
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O ataque a uma creche de Blumenau chamou a atenção pela crueldade do assassino, que matou crianças com golpes de machado, mas não só por isso. A cidade e seu entorno têm sido notícias que as associam ao nazismo, a ideologia que tem o ódio como elemento central.
A ex-ministra dos Direitos Humanos Ideli Salvatti, que foi senadora por Santa Catarina, ouviu na semana passada o relato de que alunos de um câmpus do Instituto Federal de Ensino da região de Blumenau se fotografaram em posição que, no conjunto, formava a suástica.
"Os alunos deitaram no chão, fizeram a suástica com os próprios corpos e fotografaram como logo da escola", contou, em entrevista à TV 247. Segundo ela, o caso foi encaminhado para a procuradoria do Instituto Federal, para providências legais.
Ideli disse que o caso é mantido sob sigilo, porque poderá haver repercussão judicial junto aos pais dos adolescentes, que são menores de idade. Para ela, o caso revela que há uma ação organizada do movimento neonazista para cooptar os mais jovens.
"O movimento nazifascista bolsonarista está focado. Eles estão focados no ambiente escolar. Eles estão fazendo cooptação de juventude, de crianças e adolescentes, para operacionalizar as suas ações. Isso está visível. Então, tem que ter ação, ação de governo, e tem que ter ação não só do Executivo, do Judiciário, que tem que ser mais rápido, tem que ser mais ágil", comentou.
O Ministério Público de Santa Catarina já identificou mais de 500 células nazistas no estado. "Quantas que eles já desmontaram? Não dá para fazer assim: 'a gente está fazendo'. Fazendo para quando, cara pálida? Então, é urgente. E o Legislativo não dá para ser conivente mais", afirmou.
Santa Catarina é um dos estados em que Jair Bolsonaro teve proporcionalmente mais votos – 62,21% – e é governado por um ardoroso defensor da política armamentista, Jorginho Melo (PL).
No ano passado, quando era senador, Melo gravou vídeo de apoio ostensivo ao Proarmas, entidade que defende a liberação total do porte de armas e patrocina candidatos nas eleições, sobretudo parlamentares. Dirigindo-se aos participantes de uma convenção do Proarmas, ele disse que o presidente da entidade, Marcos Pollon, despachava em seu gabinete e mandava nele.
“Ele [Pollon] é senador, quando eu não estou no gabinete ele assume. Ele vai lá, ele faz emenda. Ele, de forma muito carinhosa; ele que é um dedicado, apaixonado pelo que faz… Então não precisa dizer muito que somos parceiros, ele que manda em mim. E a pauta dele é a minha pauta”, declarou.
Em Blumenau, Jorginho Melo teve 75,49% no segundo turno das eleições de 2022. A cidade já teve escolas com pichações de suástica e de apoio a Hitler. Em 2017, cartazes comemorativos do aniversário do líder nazista alemão foram afixados no centro da cidade.
"Heróis não morrem. Parabéns, Führer - 20/04/1889", dizia a propaganda, com foto de Hitler.
A ex-ministra Ideli Salvatti entende que o ataque à creche na cidade é fruto do disseminação do discurso de ódio e apologia do nazifascismo bolsonarista e, por isso, o movimento que ela ajudou a criar, o Humaniza, programou para segunda-feira, às 19 horas, reunião na cidade para definir ações específicas naquela região.
"Não dá para esperar. Precisamos agir, é urgente", disse.
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Procurei o Instituto Federal de Ensino da região de Blumenau, mas, em razão do feriado (que foi estendido para esta quinta-feira), ninguém atendeu. Quando a instituição se manifestar, atualizaremos este artigo.
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