Estratégia errada

Deixar Bolsonaro jogar fora das quatro linhas do processo eleitoral é a última coisa que a esquerda poderia ter aceitado

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro (Foto: Ricardo Stuckert | ABr)


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Deixar com que o Senado e o Congresso aprovassem a PEC da Kamikaze foi um erro estratégico da esquerda em geral e do PT em específico, que votaram de forma unânime e célere essa emenda constitucional.

A ideia de que o mesmo povo que elegeu Bolsonaro em 2018 vai ter o elevado nível de politização para o devido discernimento de que a ação do atual mandatário é oportunista e eleitoreira é ignorar o passado onde tal estratégia - com magnitude e potência muito menores - já obteve sucessíveis êxitos.

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Bolsonaro possui vários motivos para defender essa ação oportunista: a guerra na Ucrânia, a necessidade de ajuda pós-pandêmica, dificuldades de governar com as duas casas do legislativo, obstruções do STF e de que tal ação só poderia de fato se estender até dezembro desse ano, pois em janeiro inicia-se um novo mandato. 

A ideia de que uma obstrução da esquerda poderia ser alvo da acusação de que os setores progressistas não querem aprovar auxílios aos mais necessitados, também poderia ser respondido por diversos viéses: é uma medida inconstitucional, eleitoreira, o governo poderia adotar outras ações, como a nacionalização dos preços do petróleo - que poderia derrubar a inflação (algo que Bolsonaro não tem coragem e vontade política para fazer) - propor uma reforma tributária emergencial para transferência de renda, etc…

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Além do que, a partir daí, sempre iria pairar a todos a pergunta: por que Bolsonaro não agiu antes? Deixássemos no colo dele o que foi o seu governo: inóspito, destrutivo e contra o povo. 

Deixar Bolsonaro jogar fora das quatro linhas do processo eleitoral é a última coisa que a esquerda poderia ter aceitado. 

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Em alguns dias as benesses da PEC vão cair nas mãos do povo, que poderá inclusive receber do governo cestas básicas, botijões de gás, isenção de contas de energia elétrica, etc.

A imprensa, o discurso político, a retórica orçamentária… tudo isso passa ao largo do povo… o que se ouvirá são os berros de milhares de pastores bolsonaristas e seus asseclas encastelados no poder executivo. Sem contarmos com instituições que já estão nas mãos do bolsonarismo e que se resumem basicamente a todas as forças de segurança. 

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Está claro e sabido. Dar o que Bolsonaro queria, sem pestanejar, não foi uma opção estudada, foi uma ordem de Lula. 

Lula chamou, assim, para si a responsabilidade de derrotar Bolsonaro, ainda que o mesmo jogue dinheiro vivo ao povo do alto dos seus palanques. 

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Ainda que seja difícil nesse momento admitir, a verdade é que a sucessão de erros políticos de Lula não são pequenas… Até hoje cola em boa parte do eleitorado de que ele é corrupto porque foi condenado e foi parar na cadeia. Simples assim. 

Antes disso, uma multidão de equívocos foram executados e que poderiam ter evitado tudo isso, do golpe à Lava-Jato, da sua demora em assumir ao cargo de ministro até a eleição de Bolsonaro.

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Lembremos: uma eleição é mais um jogo de xadrez do que uma corrida de cavalos. Usando essa analogia - que é a correta - não vejo porque entrar no jogo do adversário do que propor o seu próprio jogo. 

Mas no xadrez, às vezes, você permite o movimento do adversário porque já antecipou uma armadilha fatal que lhe fará vencedor… eu realmente espero que Lula tenha se tornado um excelente enxadrista nos últimos anos, pois o jogo atual é um jogo de vida ou morte para o Brasil.

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