Estocolmização momentânea?
O bolsonarismo atinge assim o ápice da estocolmização, anuindo aos arroubos e roubos do mentor
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Na Folha de S. Paulo, foi emblemático a coluna da ombudsman não ter sido publicada em semana de divulgação de pesquisas Datafolha, por sinal, interpretada erroneamente pelo jornal. Em uma delas foi dado o destaque para os 47% dos brasileiros que isentam Bolsonaro pelas mortes por Covid-19, mas, que na verdade, são 52% que o consideram culpado – se não o único, um deles. E na outra pesquisa, a diminuição da rejeição ao governo está direta e exclusivamente vinculada ao auxílio emergencial, que foi prerrogativa do Parlamento e não do Executivo, e pela insensível naturalização das mortes pela Covid-19. Fácil é manipular os dados ainda mais sem uma crítica interna.
O bolsonarismo atinge assim o ápice da estocolmização, anuindo aos arroubos e roubos do mentor. Retomando as atividades, com a economia em bancarrota, veremos o quanto de paternalismo sobreviverá. Findo o auxílio emergencial os índices voltam para onde não deveriam ter saído?
Por isso a investida de Bolsonaro contra os ditames de Paulo Guedes é tão evidente, pensando em manter essa artificial queda da rejeição. Condições externas são várias, como as medidas do STF contra o dossiê de supostos antifas e a prisão do guru Steve Bannon nos Estados Unidos. Internamente também condições desfavoráveis ao desgoverno se mantêm ou estão voltando à tona.
Duas delas dizem respeito aos ex-presidentes petistas. Ainda que lenta e tardiamente, a suspeição de Moro no julgamento de Lula vai tomando forma e se consolidando. A exclusão da estapafúrdia delação de Palloci dos autos e as declarações de alguns ministros do STF vão revelando os bastidores do impedimento de uma candidatura para promover um projeto de poder que está acabando com o país. É o momento do retorno de Lula ao franco debate político nacional.
Do espectro de Queiroz que ronda por aí, tal figura fantasmagórica tem sido usada para comparar com análogos em outros governos. Lembro que espectro, na Ciência, corresponde ao registro gráfico de quantidades de certas propriedades, como a luz e o magnetismo. Queiroz não apenas paira por aí como também é registro (ainda) vivo de uma história sabida, mas mal contada. Na comparação com outros presidentes feita naquele já mencionado jornalão, porém, faltou dizer que a inexistência de desmandos também derrubou presidentes e Dilma Rousseff foi deposta assim mesmo. Paradoxalmente, a abundância de crimes praticados por Bolsonaro não é suficiente sequer para abrir um dos processos de impeachment.
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