Estancando sangrias

Para abandonar o subdesenvolvimento histórico, os países da Unasul devem firmar posição resistente à atual influência norte-americana na soberania dos países latinos

Para abandonar o subdesenvolvimento histórico, os países da Unasul devem firmar posição resistente à atual influência norte-americana na soberania dos países latinos
Para abandonar o subdesenvolvimento histórico, os países da Unasul devem firmar posição resistente à atual influência norte-americana na soberania dos países latinos (Foto: Jandira Feghali)


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O histórico aperto de mãos entre os presidentes Raul Castro e Barack Obama, na 7ª Cúpula das Américas – a primeira com a participação de Cuba –, deve ser comemorado pelo retorno público do diálogo entre os dois países. A aproximação norte-americana é uma vitória para o valente povo cubano que resiste ao impiedoso embargo econômico de meio século. Mas há muito a analisar sobre o repentino "abraço de urso" da potência estadunidense.

Cuba tem sido um país firme no embate que as nações latinas têm travado ao longo da História contra a tentativa de unilateralidade imposta pelos Estados Unidos. A ilha governada por Raul Castro sofre com as consequências econômicas do embargo, além de constantes ataques publicitários antissocialismo por parte dos governos americanos. Apesar disso, conseguiu sobressair-se em sua realidade, mantendo políticas públicas de referência internacional em saúde e educação, por exemplo.

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A vitória de Cuba também se dá com a ajuda internacional, que envolveu nos últimos anos mais de 40 mil entidades de apoio ao país, inclusive no Brasil, junto dos constantes apelos dos chefes de Estado latinos. A mudança de forças econômicas no mundo, rompendo a hegemonia estadunidense, e a entrada de novos mercado competitivos, como a China, também são parte deste desfecho. No mais, cresceu muito no país da América do Norte a opinião pública contra as restrições impostas ao povo cubano.

Neste contexto, a Cúpula das Américas tem muito a saudar, principalmente na força que o presidente Raúl Castro tem demonstrado ao negociar as sanções com o EUA, como a que listava Cuba como país pró-terrorismo. Se de um lado vemos passos na direção de avançar, de outro prossegue o desrespeito à soberania de outros países, em manobras que tem como objetivo a desestabilização de governos progressistas e à Esquerda.

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Desde março, Obama vem aplicando sanções de altíssima gravidade à Venezuela por meio de seus altos-comissários, como proibição de entrada no país e congelamento de bens. Para a chanceler Delvy Rodríguez, a movimentação dos Estados Unidos representa lentos passos para uma futura intervenção militar, objetivando recursos naturais estratégicos e a estatal petroleira PDVSA.

Na tentativa de desestabilizar o Governo de Nicolás Maduro, como já ocorreu em outros países vizinhos, através de arrochos diplomáticos e embates internacionais, o Estados Unidos trilha o caminho que sempre tomou na História da América Latina: o de apunhalar e saquear os países tardiamente em desenvolvimento, fomentando, inclusive, rupturas democráticas. E o Brasil não está longe disto. Independente da concordância ou não com as políticas adotadas por este ou aquele governo é preciso defender a soberania das nações.

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Em 2009, ironicamente durante a 5ª Cúpula das Américas, Obama recebeu das mãos de Eduardo Galeano uma de suas obras mais geniais: "As veias abertas da América Latina". O livro, escrito há 40 anos, expõe com máxima modernidade a exploração imperialista que rendeu à América do Sul um crescimento tardio e abaixo dos níveis internacionais de desenvolvimento humano. Escreveu ele: "... é a América Latina, a região das veias abertas. Desde o descobrimento até nossos dias, tudo se transformou em capital europeu ou, mais tarde, norte-americano...".

Para abandonar o subdesenvolvimento histórico, os países da Unasul devem firmar posição resistente à atual influência norte-americana na soberania dos países latinos, com governos eleitos democraticamente, assim como o povo cubano resistiu de forma corajosa por tanto tempo. A verdade é que o "sangramento", agora na Venezuela, precisa ser estancado o quanto antes.

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