Estado profundo no Brasil como filial do Deep State dos EUA

"O objetivo maior deste Estado Profundo no Brasil é um projeto de poder de longo prazo – assim como nos EUA – que vai para além de mandatos obtidos pela via eleitoral no país", diz o colunista Roberto Moraes

Bolsonaro e militares
Bolsonaro e militares (Foto: Bolsonaro e militares)


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Parece estar em curso no Brasil uma tentativa de estruturar, à imagem semelhança dos EUA, um Deep State, não como estrutura independente, mas como filial à sede do estado profundo americano.

Um esquema de poder que está acima do poder político e do governo do Estado-nação. Uma articulação que envolve no Brasil o Partido Militar, assim como o complexo militar dos EUA (Defesa-Estado Maior, Departamento de Justiça, CIA, NSA e FBI), o esquema financeiro de Wall Street e o setor de comunicações e mídias, hoje sob um controle cada vez maior das Big Techs.

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No Brasil, o Arenão envolve o Partido Militar, o poder político congressual, a Faria Lima, redes sociais do bolsonarismo e parte do Judiciário. A subsidiária recebe apoio da matriz desde a sua gênese, lá nos esquemas ilegais da Operação Lava Jato e República de Curitiba com o Departamento de Justiça dos EUA.

No Brasil, após o golpe de 2016 e 2018, assume o governo o Partido Militar e assim eles tomam posse e controle de quase 10 mil cargos civis. Desta forma, se iniciam várias articulações entre autoridades governamentais, instituições da sociedade civil, empresas e consultorias afim de capturar o Estado para um comando mais profundo e paralelo (Deep State).

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Trata-se de um estrutura que segue sendo montada por uma sociedade tripartite formada: a) militares no governo (em cargos civis) e na reserva das três forças militares (gente oriunda da Fundação Dom Cabral e FGV) que opera a formação de empresas e consultorias para formalizar contratos com o governo; b) gente vinculada ao setor financeiros (gestora de fundos e bancos tradicionais) e demais operadores da nova intermediação financeira do país em grande parte situada na Faria Lima; c) a intermediação política do Centrão.

Não se trata de uma aliança harmoniosa e sim um movimento com tensões entre eles mas com objetivos centrais claros num esforço de manter e ampliar o poder político e financeiro. Na essência, a garantia de uma tutela sobre todas as demais forças políticas do país.

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O caso das compras das vacinas sob interferência de militares de alta patente com empresas novas e estranhas ao setor; o soft israelense Pegasus de espionagem e controle político; as articulações com a direita americana, latino-americana, haitiana e australiana, etc., a vinda do diretor da CIA ao Brasil, assim como o Departamento de Justiça dos Estados Unidos desde a Lava a Jato são partes deste processo, onde os fluxos de informações e acordos entre as partes e o todo precisam ainda ser melhor conhecidos.

O objetivo maior deste Estado Profundo no Brasil é um projeto de poder de longo prazo – assim como nos EUA – que vai para além de mandatos obtidos pela via eleitoral no país. Eles se articulam e agem como subsidiária dependente de um comando central consentido que se movimenta entre agentes do governo, empresas do setor financeiro e cada vez mais por entre fileiras do comando militar.

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Não é difícil interpretar como se dá a articulação desta estrutura, desde que siga as pistas que em boa parte foram ficando mais claras, a partir da CPI da Covid. Agentes, instituições, processos, objetivos e estratégias daqueles que operam essa articulação estão em evidências, assim como as seguidas tentativas para despistá-las.

Evidente que ao fazer uma análise deste tipo se está apoiando em fatos reais, mas também em hipóteses. Portanto, não se pretende com esta reflexão tirar conclusões definitivas, mas chamar a atenção para alguns campos de investigação sobre os movimentos das relações de poder no Brasil.

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