Estadão não devia perguntar, Villas Boas não devia responder

"O Estadão não tinha nada que perguntar nem Villlas Boas responder. Não cabe a ele opinar sobre as eleições, sobre Lula ou sobre outros candidatos. Militares não podem participar da política quando na ativa. Se Villas Boas quer participar da vida política tem que tirar seu uniforme", diz o colunista Alex Solnik; "Parece que o Estadão se esqueceu do erro cometido em 1964, quando foi o primeiro a apoiar o golpe militar e o primeiro a pular fora ao ser atingido pela censura e se empenha em chamar a ditadura de volta"

Estadão não devia perguntar, Villas Boas não devia responder
Estadão não devia perguntar, Villas Boas não devia responder (Foto: Marcelo Camargo - ABR)


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Não dá para entender. Em plena vigência da democracia, conquistada a duras penas, depois de 20 anos de duro, nefasto e sanguinário regime militar, um jornal resolve entrevistar o comandante das Forças Armadas a respeito das eleições. Nos anos 70, quando Médici tentou interferir na escalação da seleção brasileira, o técnico, João Saldanha respondeu: "O senhor manda nos ministros e na seleção mando eu". Foi demitido. Mas mostrou que nem todos se submetem a pressões, nem mesmo numa ditadura.

O Estadão fez o contrário. Foi perguntar ao general Villas Boas, o mais poderoso, aquele que comanda todas as tropas, o que ele acha das eleições, que não é assunto militar. Se aceitaria a vitória de Lula. O que as Forças Armadas fariam se Lula fosse eleito.

O Estadão não tinha nada que perguntar nem Villlas Boas responder. Não cabe a ele opinar sobre as eleições, sobre Lula ou sobre outros candidatos. Militares não podem participar da política quando na ativa. Se Villas Boas quer participar da vida política tem que tirar seu uniforme.

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Parece que o Estadão se esqueceu do erro cometido em 1964, quando foi o primeiro a apoiar o golpe militar e o primeiro a pular fora ao ser atingido pela censura e se empenha em chamar a ditadura de volta.

E Villas Boas se esqueceu de que os militares estão submetidos ao poder civil e seu comandante-em-chefe é o presidente da República.

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Suas palavras, no entanto, não foram totalmente ofensivas à democracia. Perguntado qual seria a posição das Forças Armadas se Lula se tornasse elegível e ganhasse, respondeu:

"Quem chancela isso é o povo brasileiro. Nós somos instituição de Estado que serve ao povo. Não se trata de prestar continência para A ou B. Mas, sim, de cumprir as prerrogativas estabelecidas a quem é eleito presidente. Não há hipótese de o Exército provocar uma quebra de ordem institucional".

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Preocupante foi a segunda parte da resposta:

"Não se trata de fulanizar. O pior cenário é termos alguém sub judice, afrontando tanto a Constituição quanto a Lei da Ficha Limpa, tirando a legitimidade, dificultando a estabilidade e a governabilidade do futuro governo e dividindo ainda mais a sociedade brasileira. A Lei da Ficha Limpa se aplica a todos".

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