Estadão ignora ou finge ignorar que Lula se submeteu às regras democráticas, mesmo quando condenado por juiz parcial
Ataque do jornal parece resposta à declaração de que é conservador e pequenininho, e trabalhou contra a criação da Petrobras, mas o que Lula disse é verdade
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Com editorial que reflete miopia política, Estadão ataca Lula. Entre outras avaliações ruins, diz que Lula faz mal à democracia. Também tenta intrigar Lula com o Poder Judiciário.
O jornal ignora ou finge ignorar que Lula se submeteu às regras democráticas, inclusive quando se apresentou para cumprir a sentença de prisão emanada de um juiz reconhecidamente parcial. Poderia ter buscado asilo em outros países -- até europeus. Mas não.
Venceu no campo da luta institucional, o que fortalece a democracia. O Estadão precisa, seriamente, avaliar a necessidade de se aposentar. O jornal é que faz, sim, mal à democracia.
Apoiou a ditadura em 64 e fortaleceu um juiz que corrompeu o sistema de justiça e abriu caminho para a extrema direita chegar ao poder no Brasil, entre outras ações deletérias.
O editorial pode ser a resposta dos controladores e editorialistas da empresa a uma declaração de Lula sobre a inegável decadência do jornal. Foi na coletiva de quarta-feira.
"Como não queriam deixar, em 53, que a gente tivesse petróleo, porque era melhor, diziam na época, importar dos Estados Unidos. É só pegar o editorial do Jornal O Estadão da época. Você pensa que o Estado é conservador agora que ele está pequenininho? Não, ele era conservador na época já, em 53”, disse.
Se o Estadão ficou melindrado e por isso decidiu atacar Lula, faria melhor se relesse seus artigos da época e fizesse autocrítica. Ou assumisse o lado em que sempre esteve.
O pesquisador Celso Carvalho Júnior, em sua dissertação de mestrado na Universidade Estadual Paulista (Unesp), analisou as publicações do jornal da época em que a Petrobras estava sendo criada.
O jornal era contra a criação da empresa e defendia que a exploração e o refino deveriam ficar nas mãos das empresas estrangeiras, como a Esso, multinacional norte-americana que era um de seus maiores anunciantes.
"Percebe-se que o matutino paulista fechou suas páginas para 'O Petróleo É Nosso' e preferiu tratá-lo como um movimento comunista. Um outro dado bastante evidente é a cobertura dada pelo jornal para a questão do petróleo, priorizando as atividades e reivindicações dos empresários paulistas, afinados com o ponto de vista do jornal”, escreve Carvalho Júnior.
O Estadão investiu pesado na produção de conteúdo jornalístico que conseguisse abortar o projeto criação da Petrobras defendido por Getúlio Vargas, que viria a se suicidar em 54, depois de uma campanha infame realizada pela imprensa contra ele.
"A série O Petróleo na América, publicada em maio de 1953, analisou a política e a legislação do petróleo em alguns países do continente e estabeleceu uma comparação com o Brasil, para apontar que a criação da Petrobras não resolveria o problema da baixa produção de petróleo em nosso território”, relembra o pesquisador.
Para ler a dissertação Celso Carvalho Júnior, defendida na Faculdade de Ciências e Letras do campus da Unesp em Assis, clique aqui.
O Estadão, ainda que tenha ficado melindrado por ser chamado de "pequenininho", poderia mostrar grandeza e tentar desmentir Lula com atitude — no caso de veículo de imprensa, com uma cobertura e análise corretas dos fatos.
Optou, no entanto, por permanecer no campo do ataque mal fundamentado.
A velha imprensa é inimiga do Brasil e precisa ser combatida, sempre pela via democrática, meio que o jornal, nos momentos agudos, ignora, em defesa de 1% da sociedade que é dona de 50% da riqueza nacional.
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