Está mais para Collor que para Getúlio

"O enredo atual, com manifestação a favor de Bolsonaro marcada para domingo que vem, em resposta aos protestos do dia 15, no momento em que seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, é acusado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, tem muito mais paralelos com 1992 do que com 1937, quando Getúlio inovou com um autogolpe, depois denominado Estado Novo", avalia Alex Solnik, Jornalista pela Democracia, sobre o governo Jair Bolsonaro; "Autogolpe sem apoio das Forças Armadas, da imprensa e da população, que é o caso atual, é delírio de uma noite de verão"

Está mais para Collor que para Getúlio
Está mais para Collor que para Getúlio (Foto: Marcos Corrêa/PR)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia

No dia 13 de agosto de 1992, uma quinta-feira, o então presidente Fernando Collor reuniu, no Salão Oeste do Palácio do Planalto, 1500 motoristas de táxi que seriam beneficiados por financiamento da Caixa. Aproveitou a ocasião para dar uma resposta à passeata de estudantes e ao comício na praça da Sé, em São Paulo que pediram seu impeachment:

"Querem realizar um terceiro turno das eleições; vamos realizá-lo e vamos ganhar de novo", desafiou, indignado. Ele estava acuado pela CPI do PC Farias, que investigava as relações de seu ex-tesoureiro com seu governo.

continua após o anúncio

Os taxistas o aplaudiam e interrompiam a cada frase bombástica com gritos de "Dá-lhe Collor" e "Fora Lula".

No auge da empolgação, o presidente fez sua aposta mais alta: conclamou os brasileiros a saírem às ruas no domingo seguinte em sua defesa:

continua após o anúncio

"Saiam de casa no domingo com alguma peça de roupa numa das cores da nossa bandeira, exponham nas suas janelas toalhas, panos, o que for".

(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

continua após o anúncio

No domingo, 16, os brasileiros foram às ruas em 10 capitais como ele pediu, mas não vestiram verde-amarelo:

"Milhares de pessoas desfilaram em carros ou a pé, de preto e de vermelho, em sinal de luto e de indignação" escreveu o Jornal do Brasil de 17 de agosto. As manifestações foram apoiadas por artistas e intelectuais. Uma das palavras de ordem era:

continua após o anúncio

"Ai, ai, ai, empurra o Collor que ele cai".

O enredo atual, com manifestação a favor de Bolsonaro marcada para domingo que vem, em resposta aos protestos do dia 15, no momento em que seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, é acusado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, tem muito mais paralelos com 1992 do que com 1937, quando Getúlio inovou com um autogolpe, depois denominado Estado Novo.

continua após o anúncio

Autogolpe sem apoio das Forças Armadas, da imprensa e da população, que é o caso atual, é delírio de uma noite de verão.

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247