Está claro que Bolsonaro quer implantar uma ditadura: com a palavra, a imprensa
"Ps barões da imprensa acham que passarão incólumes se Bolsonaro for reeleito e asfixiar de vez de vez as instituições?", questiona Bepe Damasco
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Em vez de escrever editoriais tentando chantagear Lula, colocando-lhe a faca no pescoço, para que se comprometa com mandamentos do neoliberalismo, a imprensa brasileira bem que poderia tratar com a gravidade que merece a ameaça de Bolsonaro de aumentar o número de ministros do STF, destruindo a harmonia entre os poderes e abrindo caminho para governar como um déspota.
A eleição em 2 de outubro de um grande numero de deputados e senadores alinhados a ideias obscurantistas torna essa perspectiva pra lá de real. A eleição de Lula é, portanto, essencial para evitar essa tragédia.
No lugar de fazer uma cobertura das eleições pretensamente equilibrada, como se fosse um pleito comum comparável a qualquer outro, a mídia comercial prestaria um serviço relevante ao Brasil e à humanidade se entendesse que, em 30 de outubro, o que está em jogo é a luta pela afirmação dos valores civilizatórios versus a barbárie fascista.
Ao invés de comentar pesquisas eleitorais como se fossem o sobe e desce de um campeonato de futebol, os analistas globais, caso, é claro, fossem comprometidos genuinamente com a causa democrática, dariam um jeito de alertar sobre o que está em jogo nessa eleição.
Depois de ter papel destacado na naturalização do fascismo, conforme chamou atenção a jornalista Milly Lacombe, em brilhante artigo no UOL, os grupos de mídia seguem brincando com fogo, arriscando a própria sobrevivência.
Ou os barões da imprensa acham que passarão incólumes se Bolsonaro for reeleito e asfixiar de vez de vez as instituições?
Os dois pesos e duas medidas da nossa imprensa é odioso. Globo, Folha, Veja e Estadão passaram anos a fio acusando Lula de ser dono de um apartamento que nunca lhe pertenceu, mas já varreram para debaixo do tapete a compra em dinheiro vivo de 51 imóveis por parte do clã Bolsonaro. Repare que o assunto sumiu do noticiário.
Como assinalou Milly Lacombe, a imprensa lança mão até de artifícios de linguagem para atenuar os escândalos protagonizados pela extrema-direita e seus aliados no Congresso Nacional. Nessa toada, o maior esquema de desvios e roubalheira de dinheiro público da história do país ganha um nome de difícil compreensão para as pessoas não familiarizadas com os meandros da política: orçamento secreto. Mas, para atingir o PT, é "mensalão" e "petrolão", verdadeiros primores em termos de síntese semântica.
Lula vai ganhar a eleição no dia 30, apesar de os veículos de comunicação oligopolizados insistirem de forma irresponsável e deletéria em não conferir excepcionalidade à encruzilhada atual vivida pelo Brasil. Quem sabe, daqui a 50 anos façam autocrítica.
Venceremos.
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