Está chegando a hora de autocrítica do PT?



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Haverá o dia em que poderemos avaliar com mais tranquilidade o que estamos vivendo neste momento, no mundo como um todo, e no Brasil em particular!   

Por onde tenho andado, com quem converso, sem ser gente "da política", o que sinto do povo é que há uma completa desconfiança de lado a lado sobre quem tem razão!As pessoas estão cansadas, descontentes, desconfiadas e perdidas! As lideranças políticas locais, como eu, também!    

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Penso que se pudéssemos olhar pra esse momento com isenção, - e não podemos - estaríamos voltando no tempo lá pra 2010, no processo eleitoral que elegeu Dilma Roussef presidenta da República e ali, se houvesse um pouco mais de humildade por parte das esquerdas como um todo e da parcela da direção hegemônica do PT em particular, provavelmente, alguns erros não teriam sido cometidos!    

Mas essa história vem de um pouco antes! Vem de um tempo, em que o nosso governo passou, por exemplo, a não gostar das ações de reivindicação e de lutas pela reforma agrária e pelo direito à terra, pois em sua visão, estava fazendo o que "nunca na história desse país", havia sido feito pelos Sem Terra! Só esqueceu uma coisa! O inimigo não eram os alinhados históricos, mas sim os aliados circunstanciais!   

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Eu era vereador na cidade de Cotia e no ano de 2009, senti que uma coisa muito ruim estava acontecendo no governo. O que me fez ligar o alerta e falar pra dentro do Partido sobre isso, foi uma ação que ocorreu em 2009 com o MST! Muitos irão lembrar de um ato que o MST promoveu numa fazenda da CUTRALE, em Iaras, no interior de São Paulo, onde o helicóptero da Policia Militar, filmou um trator arando terra onde havia pés de laranja plantados e vazou "ao vivo" na rede globo a ação.    

Gente nossa, militantes respeitadíssimos acima de qualquer dúvida ou suspeita, passaram a ter uma voz feroz contra as ações do MST e incrivelmente, favorável, naquele momento a "lei e ordem" ditadas pela Rede Globo e pelos latifundiários! No jornalismo, posso lembrar o grande Ricardo Kotscho, que chegou a vaticinar em artigo o "Fim de linha para o MST". Texto de triste memória!   

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Na política, o próprio Lula, foi duro a ponto de chamar de "vandalismo" a ação do MST. Imaginem o que não disse deputados, prefeitos e vereadores da esquerda em particular, e dos políticos como um todo!    

Poucos foram os que se enfileiraram ao redor de gente como Miguel e Rose Serpa e demais lideranças do MST que estavam sendo escorraçados e que tinham razão em questionar as terras públicas ocupadas e exploradas pela CUTRALE, onde o lucro ficava com uma das maiores empresas agropecuarias do Brasil e do mundo, enquanto o povo que vivia no entorno, passava fome por não ter um chão pra plantar sua comida!    

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E não digo isso em razão de uma paixão política, digo por que eu levava alimentos arrecadados na Igreja para aquelas gentes! E muitos podem testemunhar essa verdade!   

No final de 2009, já com a indicação de Dilma para a candidatura a Presidência dada como certa, alertei dirigentes de que sofreríamos uma forte rejeição por parte de parcelas dos Católicos conservadores e de alguns setores dos Evangélicos por causa de um tema: O ABORTO.    

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Mas neste período, a relação política com os donos ou fundadores de Igrejas como: Universal, Assembleias de Deus, Evangelho Quadrangular e demais denominações religiosas pentecostais e neo pentecostais eram, digamos, de paz e amor!   

A eleição de 2010 mostrou que o fascismo e a besta fera do ódio haviam engravidado estes setores! E muitos dos nossos, ficaram admirados com o nenê e até do chá de fraudas participaram! Em 2014, o bebê já estava grandinho e como o fascismo não tem idade, já arreganhava os dentes, foi alimentado e cresceu no colo de Aécio Neves. Tudo o que apoiou Aécio em 2014, elegeu Bolsonaro em 2018.

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Conversei com quase todos os bispos católicos paulistas entre os anos de 2009 e 2010. A percepção que se tinha era que o PT, nascido das lutas democráticas, das reivindicações populares, das greves dos trabalhadores e do clamor profético dos cristãos engajados na política, particularmente os católicos lidados às CEB´s e os protestantes de Igrejas como Presbiteriana, Batistas, Metodistas e Anglicanos, havia feito uma opção pelo caminho dos aliados e abriu-se mão dos alinhados!   

Já não se fazia análises de conjunturas para avaliação critica das ações políticas, pois de fato, havia uma percepção de que o governo estava dando certo! E estava! Isso fez com que o processo de reforma agrária ficasse praticamente parado nos anos seguintes. Dilma fez menos assentamentos do que FHC! Isso, na Igreja Católica calou fundo!   

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Era como se houvesse um rompimento na relação entre mãe e filho!   

Faço esse relato para que possamos de algum modo, não nos atermos na busca de culpados ou responsáveis pelo que quer que seja, mas para que possamos refletir enquanto militantes políticos, no que significou a falta de ouvir criticas e tratar os que questionavam nossas ações como se inimigos fossem, enquanto ao mesmo tempo, se tratou inimigos históricos, como se amigos fossem! (Maluf que o diga).

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