Esquerda limpa e cheirosa
"Para esses críticos, na melhor das hipóteses a gestão de Maduro não é democrática e se vale de artifícios jurídicos para controlar o poder, sem apresentarem qualquer base factual para seus argumentos, salvo a oferecida pelos inimigos da revolução bolivariana, tornada falso consenso pelo peso da artilharia midiática", diz o colunista Breno Altman; "apesar do discurso aparentemente esquerdista, diversas vezes antipetista, esses críticos querem ser aceitos como uma esquerda limpa e cheirosa, sem maiores tensões com a academia e a mídia"
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Muitos criticam, com certa razão, a timidez das reformas promovidas pelos governos petistas, ainda que essa moderação tenha sido respondida pelo golpismo das classes dominantes.
O curioso é que, entre esses críticos, predominam os que se sentem incomodados com governos como o liderado pelo chavismo, que promoveu reformas mais avançadas e, acima de tudo, enfrenta de forma implacável as tentativas de sabotagem dos capitalistas locais e seus aliados estrangeiros.
Para esses críticos, na melhor das hipóteses a gestão de Maduro não é democrática e se vale de artifícios jurídicos para controlar o poder, sem apresentarem qualquer base factual para seus argumentos, salvo a oferecida pelos inimigos da revolução bolivariana, tornada falso consenso pelo peso da artilharia midiática.
Pode-se imaginar que esses professores de Deus desejassem, ao mesmo tempo, reformas avançadas e suavidade política, como se fosse possível domesticar as elites ou tratar sua inevitável reação a pão de ló. As elites e seus aliados, diga-se, incluindo certos grupos pretensamente de "esquerda".
Alguns desses oráculos estão abertamente alinhados à Casa Branca, na campanha para derrubar o governo Maduro. Outros tateiam alguma posição equidistante, contra os dois demônios, o chavismo e o imperialismo. E há também quem, mesmo contrário à intervenção imperialista, precisa de qualquer forma dizer que não se confunde com a esquerda suja e truculenta que estaria representada pelos herdeiros de Chavez.
Apesar do discurso aparentemente esquerdista, diversas vezes antipetista, esses críticos querem ser aceitos como uma esquerda limpa e cheirosa, sem maiores tensões com a academia e a mídia, convidados para seminários e tertúlias onde possam ter lugar sem serem malvistos.
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