Esquerda e as eleições 2020: Buscar a unidade possível

"É evidente que Ciro Gomes (PDT) opera, claramente, para isolar e desgastar o PT", escreve o colunista Milton Alves. "É urgente um esforço das lideranças maiores dos partidos de esquerda – principalmente do PT, PSOL e PCdoB – no sentido da construção de uma agenda unitária para as eleições municipais"

(Foto: Paulo Pinto - Divulgação)


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O país caminha de forma célere para o abismo econômico, social e sanitário com Bolsonaro e os generais da boquinha no comando do Planalto. Trata-se de uma tragédia humanitária em curso e de enormes proporções.

A pandemia da Covid-19 avança ao lado do desemprego e da exclusão. Milhões de brasileiros sem renda e sem perspectivas de alcançar patamares mínimos para a sobrevivência.

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No plano político, o governo Bolsonaro segue semeando a ventania do ódio e da polarização neofascista para chegar a tempestade do golpe de força contra a fragilizada e manca democracia que resta no país. A escalada bolsonarista já não esconde os seus criminosos e nefastos objetivos, tudo acontecendo às escâncaras das chamadas instituições de estado e dos órgãos de controle da República.

Diante de um quadro tão grave e prenhe de perigos e desafios, o conjunto da esquerda continua mergulhado num oceano de indecisão e sem iniciativas políticas mais vigorosas.

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Neste sentido, chama a atenção o gesto político do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que anunciou a desistência de sua candidatura à prefeitura do Rio de Janeiro. A decisão de Freixo, bem situado nas pesquisas, é reveladora dos impasses e das dificuldades da esquerda no momento.

Declarou Freixo em uma entrevista: “No Rio, coloquei minha candidatura, que era supostamente natural. Tive muito apoio de imediato do PT, de quem não tenho uma vírgula para falar. No Rio, não houve nenhuma crise de hegemonismo do PT do qual ele é acusado em outros lugares. Também estava tendo diálogo com o PCdo B. Mas o PDT não aceitou essa composição, mesmo com muito diálogo com o (Carlos) Lupi. Mas, ele entende que o PDT tem que lançar candidato porque tem projeto para 2022. O PSB sequer quis fazer reunião, mesmo eu tendo solicitado inúmeras vezes”.

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A tentativa de construção de um forte palanque unitário da esquerda no Rio esbarrou na fragmentação de projetos políticos e eleitorais. No espectro político da esquerda e da centro-esquerda segue ainda uma disputa surda que remonta ao processo da disputa presidencial de 2018. É evidente que Ciro Gomes (PDT) opera, claramente, para isolar e desgastar o PT. No Rio e em São Paulo, palcos decisivos da futura batalha, PDT e PSB atuam no sentido de construir projetos próprios. No Nordeste, Ciro opera alianças com DEM para enfrentar o PT.

Em São Paulo, a situação também é difícil e complexa: A começar pelo PT que saiu de um processo de prévias rachado ao meio. Jilmar Tatto ganhou a indicação da legenda por apenas 15 votos na disputa com o ex-ministro da Saúde e deputado federal Alexandre Padilha. O PSOL caminha para candidatura própria entre Boulos e a deputada Sâmia Bomfim. O PCdoB lançou o deputado federal Orlando Silva. Ou seja, um quadro de dispersão da esquerda, o que pode facilitar a recondução do tucano Bruno Covas ao governo paulistano, um aliado estratégico do governador João Doria.

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Em Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife e Belém (onde o PSOL tem um nome com maior peso eleitoral) também há dificuldades para entendimentos conjuntos entre os partidos de esquerda e centro-esquerda. Em Porto Alegre, o PT indicou o ex-ministro Miguel Rossetto para a vice de Manuela D’Ávila (PCdoB). O PSOL ainda não bateu o martelo em direção ao palanque de Manuela.

É urgente um esforço das lideranças maiores dos partidos de esquerda – principalmente do PT, PSOL e PCdoB – no sentido da construção de uma agenda unitária para as eleições municipais, costurando critérios de indicação dos candidatos mais competitivos para as capitais e grandes centros. Além disso, centrar esforços conjuntamente pelo “Fora Bolsonaro-Mourão”, acumulando forças para uma saída democrática no processo de falência do governo neofascista.

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Buscar a unidade possível, sem exclusivismo e preconceitos, como uma resposta política organizada da esquerda e da centro-esquerda para abrir caminho por um novo projeto de país. O primeiro passo nessa direção é agora em 2020.

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