Esconderam o conflito que não é só de Bolsonaro e Mourão

A guerra expõe a confusão que comanda a cabeça de tenente atrapalhado de Bolsonaro e a confronta com a lógica militar do general que gostaria de ser um marechal

(Foto: Adriano Machado/Reuters)


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A grande imprensa brasileira se acovardou diante do mais importante fato político e militar acionado no país pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

O título das reportagens do dia seguinte sobre o embate de posições entre Bolsonaro e Mourão seria o mais óbvio. O título deveria ir nessa linha inevitável:

Guerra divide Bolsonaro e Mourão e provoca racha no governo e no pensamento militar.

Mas os jornais se encolheram e trataram mal inclusive o constrangimento na área diplomática, como se fosse uma questão pontual. É uma questão de fundo, grave, que envolve a diplomacia e o que os generais pensam de uma guerra.

Ninguém imagina que Mourão esteja falando só por ele mesmo como um general aposentado que ainda raciocina de acordo com a ortodoxia militar.

Nem o mais ingênuo dos analistas políticos pode acreditar que a posição de Mourão, de defender uma reação forte da OTAN ao ataque de Putin, seja apenas uma opinião pessoal diante da inércia de Bolsonaro e de Braga Netto.

Mourão fala, como sempre falou (e por isso foi escolhido vice de Bolsonaro), em nome do pensamento conservador médio e hegemônico no meio militar.

Quem assegura que ele não tem mais influência assertiva junto aos oficiais, às tropas e ao pensamento de quem já está em casa, mas continua refletindo sobre o mundo do qual fez parte?

Dizer que Bolsonaro e Mourão, e apenas eles, têm opiniões divergentes e que o duelo é um entrevero pessoal é de uma ingenuidade monarkiana.

A guerra de Putin expõe ainda mais a confusão que comanda a cabeça de tenente atrapalhado de Bolsonaro e a confronta com a lógica militar de um general que gostaria mesmo de ser um marechal.

Não se trata aqui de saber quem está certo ou errado, até porque esse é um debate interminável. Importa que Mourão não fica quieto, porque não fala só por ele. E o general ainda é governo.

Bolsonaro e Mourão não falam sozinhos. Mas qualquer analista mediano de questões militares básicas e das suas implicações políticas sabe que Bolsonaro hoje está muito mais só do que Mourão, mesmo que aparente o contrário.

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