Escândalo em Belmarsh

Lula e Julian Assange
Lula e Julian Assange (Foto: Ricardo Stuckert | Reuters)


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Nos eventos da coroação de Charles III como Rei, uma carta chegou às mãos da realeza. Vinha do presídio de segurança máxima de Belmarsh e estava assinada por Julian Assange. O fundador do Wikileaks convidava o novo soberano a visitá-lo na cadeia para tomar conhecimento das condições de convivência que ali existiam. O missivista, não sem ironia, animou-se a tanto depois da entrevista concedida por Lula em Londres quando, provocado, manifestou o volume da sua indignação diante da arbitrariedade que vitimava o detento e o silêncio da imprensa internacional a respeito do assunto. Era inadmissível, disse então, que assistíssemos de braços cruzados a um tal absurdo, do ponto de vista dos valores de qualquer democracia. Uma violência daquela envergadura afrontava os valores do humanismo. 

É do temperamento do nosso Presidente, comover-se com a angústia dos que sofrem e se esforçar para encontrar meios de aliviá-la. Pode ser uma guerra, para a qual se deve providenciar a paz, pode ser uma mulher negra vítima de racismo num supermercado... Então, por que não pode ser um jornalista, para escândalo da sociedade ocidental, inclusive do Brasil, que tornou públicas armações de espionagem contra nações amigas? A mesma força que injustamente detém um indivíduo que caiu em desgraça, é a que pune gente humilde e sem recursos aos rigores da fome e do abandono. Ou não? 

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Um juiz parcial, motivado politicamente, por 580 dias tirou a liberdade do nosso Presidente. Algo de semelhante estão fazendo no Reino Unido com Julian Assange, ameaçando-o, ainda por cima, com a possibilidade de extradição para os Estados Unidos. Lá gostam de encerrar os desafetos nas prisões de Guantánamo. O ambiente de espetáculo que nos cerca invade nosso imaginário, a cada dia, com novos desatinos, de modo que nos falta lugar em nosso psiquismo para as quantidades de indignação em curso. Por sorte, para observadores de sensibilidade, como para Lula e Assange, o primeiro, questionado por uma jornalista não hesitou em condenar a arbitrariedade. E ela veio à tona.

Sabemos que não usufruímos de um planeta equilibrado e inclinado à Justiça. Sabemos, também, que um dos motivos pelos quais aqui nos encontramos é porque somos movidos pela ideia de solidariedade, além de uma vontade de melhorar nossas condições de vida. Não fosse isso, o fascismo nos pegaria de vez e ficaríamos obcecados pelos fantasmas da morte, quando mais precisamos da vida. Assim, cada vez que nos revoltamos diante de uma crueldade, uma estrela brilha no céu. Uma voz interior nos segreda uma verdade e nos acalmamos porque não desapareceu a esperança por uma sociedade mais aceitável. Então, perseveramos.

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O escândalo de Belmarsh não é tão diferente do que se passou em Curitiba, na Polícia Federal. Por sorte a Terra gira, traz oportunidades e garante as saídas que, ainda que teimosamente, não logramos localizar. Só por isso, como diria Pascal, continuamos apostando.

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