Escalada de tensões militares no Leste da Europa

Se a diplomacia falhar, o conflito entre os EUA e a Otan, de um lado, e a Rússia, de outro, pode assumir formas ameaçadoras à paz mundial

Joe Biden e Vladimir Putin
Joe Biden e Vladimir Putin (Foto: Reprodução)


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247, Por José Reinaldo Carvalho - Faltando apenas dois dias para o término de 2021, ainda é incerto se no início de 2022 o mundo será brindado com algum alívio das tensões no Leste europeu envolvendo os Estados Unidos, a Otan (seu braço armado agressivo), a Ucrânia e a Rússia. Em meio a um impasse sobre a situação na Ucrânia, um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca informou que as negociações bilaterais entre EUA e Rússia haviam sido agendadas para o dia 10 de janeiro, o que foi posto em dúvida pelo próprio presidente dos Estados Unidos. Questionado sobre se irá ao encontro, Biden disse: “veremos”.

A resposta evasiva e depreciativa do chefe da Casa Branca sobre o anunciado encontro com o presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, aponta em outra direção. Tudo indica que o contencioso político e a ameaça de guerra na sensível região do Leste europeu permanecerão como um dos principais problemas geopolíticos em 2022. 

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O encontro entre os líderes das duas superpotências marcaria uma abertura de diálogo sobre a crise na Ucrânia. As negociações poderiam ir além, abordando outros temas de interesse bilateral e geral, como a restauração de  acordos sobre armas nucleares cancelados pelo ex-presidente Donald Trump. A comunidade internacional ainda alimenta a expectativa de que o encontro se realize e a exposição objetiva das opiniões mantenha abertos os caminhos diplomáticos. 

Mas quando se associa o "veremos" de Biden às ameaças que fez durante a bilateral que manteve com a contraparte russa por videoconferência no início de dezembro - quando fez ameaças de sanções e sinalizou que aumentará a concentração de tropas e armamentos dos próprios Estados Unidos e da Otan na Ucrânia -, além de manter em análise o ingresso oficial deste país na Aliança Atlântica, percebe-se que a via diplomática em tal caso tem sentido mais protocolar do que político e não conduzirá a resultados efetivos. 

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O imperialismo estadunidense vale-se de sua vasta rede de meios de comunicação, verdadeiras usinas de mentiras, para apontar a Rússia como um país agressor, um fator de instabilidade e insegurança para a Europa e o resto do mundo, uma fonte de desequilíbrio das relações internacionais. Nas últimas semanas, Washington fez soar o alarme da "iminente invasão" da Ucrânia pela Rússia, alegando que esta concentrou tropas e armamentos nas suas fronteiras com a Ucrânia. 

O presidente russo tem argumentado que seu país não pode tolerar a expansão da Otan para um território contíguo às suas fronteiras, como parte da estratégia de alargamento do raio de ação da aliança atlântica no Leste da Europa. Na entrevista coletiva concedida por ocasião do fim do ano, Putin deixou claro que tem direito de consolidar seu poder defensivo em decorrência das crescentes ameaças de agressão militar por parte dos Estados Unidos e seus aliados da Otan.

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Para a Rússia, suas ações militares na fronteira - seja a concentração de tropas, sejam os exercícios militares - corresponde ao direito soberano que assiste a qualquer país do mundo de deslocar suas tropas para fazer face a situações de ameaça iminente à sua segurança. 

Os EUA têm enviado à Ucrânia bombardeiros estratégicos, incluindo B-52s e B-1Bs, para aproximar-se de áreas como o Mar Negro. Em novembro, os EUA enviaram bombardeiros estratégicos e realizaram ataques nucleares simulados contra a Rússia, e entraram no espaço aéreo a 20 quilômetros da fronteira russa, em um movimento obviamente provocativo. Além disso, Washington divulgou informações como a imposição de sanções econômicas à Rússia e o envio de mais tropas para o Leste Europeu para aumentar a pressão, informa o Global Times. Sob o comando estadunidense, foram realizados os exercícios militares como o denominado Defender Europe 21, para o qual foram deslocados 40.000 soldados e 15.000 unidades de material de guerra durante os meses de maio e junho deste ano de 2021, incluindo aeronaves estratégicas, provocativamente manobradas no fronteiras com a Rússia. Estamos diante, assim, de ações provocadoras e agressivas. 

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O cerco à Rússia está presente também no total apoio estadunidense e de seus aliados da Otan às ações militaristas de Kíev contra a população do Donbass. A guerra contra os habitantes desta região no Leste da Ucrânia já gerou 14 mil mortes. As forças guerrilheiras que atuam ali proclamaram as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, histórica e culturalmente ligadas à Rússia. 

A comunidade internacional tem a percepção de que um enfrentamento direto entre a Rússia e os Estados Unidos em plena Europa é algo inconcebível. 

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Mas não se pode ignorar que a tensão entre as duas partes está em escalada. E que se a diplomacia falhar o conflito pode assumir formas que ponham em risco a segurança internacional e a paz mundial. 

Putin não estava brincando quando afirmou que há uma "linha vermelha" que os Estados Unidos e os aliados da Otan não deveriam transpor - a entrada da Ucrânia e da Geórgia na Otan e a concentração de tropas e armas nucleares nas proximidades da fronteira com a Rússia. Uma política dura de sanções contra a Rússia também será considerada inaceitável. Biden, por seu turno, não parece disposto a abrir mão de sua política de “contenção da Rússia”, nem a desistir de “proteger” a Ucrânia da alegada ameaça de invasão. 

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O país euro-asiático movimenta-se também em outra direção diplomática, à margem da negociação direta com a superpotência norte-americana. O mundo aguarda com grande interesse a visita que Putin fará à China por ocasião da abertura dos Jogos de Inverno de Pequim, em 4 de fevereiro, quando, segundo anunciaram agências noticiosas, ele assinará com Xi Jinping um documento conjunto elevando a um patamar superior a parceria estratégica global. 

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