Entre Mourão e Cavalão

"Como será o governo com Mourão. E também me preocupo", escreve Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia. "General costuma mandar mais. General costuma ser mais inflexível porque não tem ninguém acima dele para mandar nele. Só abaixo", continua. "Com Mourão ou Jair Bolsonaro, afirma, "nós, sociedade civil só temos a perder e os militares, só têm a ganhar"

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)


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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

Confesso que em certos momentos vejo com esperança os sinais de que o fim de Bolsonaro está próximo. Me regozijo, sobretudo, ao ver a meia dúzia de gatos pingados que tem comparecido a seus comícios golpistas. Dá até pena ver o suposto e pretenso imperador olhando do alto da rampa os minguados simpatizantes dispostos a caminhar com o seu líder rumo ao precipício.

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Também me surpreendo esperançoso e alentado ao saber que mais um pedido de impeachment vai aterrissar na mesa do Maia; ao tomar conhecimento de mais uma denúncia de um importante ex-aliado, como Paulo Marinho, que revela novos segredos sobre as relações espúrias entre a família Bolsonaro e agentes da Polícia Federal, que, segundo a Constituição, servem ao estado a não ao governante no poder. 

Me pego imaginando o Brasil sem Bolsonaro. Não teremos aqueles escândalos diários, aquelas grosserias, aquelas demonstrações de crueldade, desumanidade, afrontas a minorias, à imprensa, à democracia, à economia que justificam o apelido de Cavalão que ganhou nos quartéis. O Brasil vai sair das manchetes vergonhosas da imprensa mundial. Não teremos o gabinete do ódio jogando na fogueira os que não rezam pela cartilha de Bolsonaro, não teremos Carluxo, Flávio e Eduardo, não teremos Olavo de Carvalho. Não teremos milicianos.

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Até aí, tudo bem.

Mas, de repente, eu imagino o outro lado. Como será o governo com Mourão. E também me preocupo.

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Não vai haver milicianos, mas vai haver milicos. O governo que já é militar às pampas, vai virar um quartel. Não vai ter filho no gabinete presidencial, mas vai ter general no lugar de ex-capitão. E general costuma mandar mais. General costuma ser mais inflexível porque não tem ninguém acima dele para mandar nele. Só abaixo. E militar age dessa forma: obedece a quem está acima e manda em quem está abaixo. Um general no poder vai querer mandar em todos que estejam abaixo. Ou seja, todos nós.

Um general com mais verniz, menos estapafúrdio e ridículo que o ex-capitão pode ser até mais perigoso, mais infenso a negociar com políticos e partidos, mais autoritário e também mais respeitado dentro das Forças Armadas.

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Não vejo nenhuma possibilidade de as Forças Armadas agirem para manter Bolsonaro no poder, ou lhe darem mais poder, mas quanto a Mourão, tenho dúvidas.

De mais a mais, tanto Mourão quanto Bolsonaro são saudosistas da ditadura e seu ídolo comum é o torturador Brilhante Ustra. Nenhum deles demonstra ter respeito aos direitos humanos, o que é essencial no mundo democrático de hoje. Perspectiva de crescimento econômico, ainda mais nas atuais circunstâncias, também nenhuma, seja com Bolsonaro, seja com Mourão.

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Com Mourão ou Cavalão, nós, sociedade civil só temos a perder e os militares, só têm a ganhar.

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