Enlameando a farda mais e mais

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil | Exército Brasileiro)


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Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia

Nem na ditadura, que Jair Messias nega ter havido enquanto louva seus piores sequazes, houve tanta lambança. Até nisso o pior presidente da história da República se supera.

Tenente indisciplinado que só virou capitão quando passou para a reserva, desprezado pelos seus superiores ao longo da vida, Jair Messias resolveu resgatar um passado inexistente ainda na campanha eleitoral de 2018, realçando sua condição de militar. Balela: afinal, ele passou muito mais tempo como político profissional do que na caserna. Mas para quem mente de maneira compulsiva, isso é parte do cotidiano. 

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Uma vez eleito e instalado na poltrona presidencial, cercou-se de militares da sua geração. Alguns, menos reacionários, tiveram a ilusão de controlar o desequilibrado presidente. Foram banidos. Outros, especialmente reacionários, continuam lá até hoje, a começar por figuras dantescas como Augusto Heleno e Braga Netto. E espalhados por tudo que é canto, sobram militares empijamados e da ativa, todos se locupletando com as benesses do poder enquanto vão enlameando suas fardas cada vez mais. 

Nunca antes, desde a redemocratização, a imagem das Forças Armadas foi tão aviltada como agora, graças ás maluquices de um psicopata que promove aberrações cotidianas. A mais recente contribuição para esse aviltamento ocorreu agora, no mesmo ministério da Saúde antes ocupado por um grotesco general da ativa, Eduardo Pazuello, e agora por um grotesco médico, Marcelo Queiroga. 

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Para agradar Jair Messias, Pazuello espalhou militares por vinte postos cruciais do ministério da Saúde, antes ocupados por técnicos e funcionários de carreira. Deu no que deu e continua dando: pura maluquice. 

Dois oficiais da reserva do Exército contrataram uma empresa sem a menor experiência no Sistema Único de Saúde, o SUS que sobrevive às ações genocidas tanto de Jair Messias como de Queiroga, para a delicada e urgente missão de distribuir vacinas para crianças. E como qualquer um com um mínimo de lucidez poderia prever, deu tudo errado.    

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Um dos responsáveis chama-se Ridauto Lúcio Fernandes e é general da reserva. Dispensou a licitação com o argumento de que era preciso agir com urgência. Quem repassou para os estados a suposta orientação para a distribuição das vacinas foi o desorientado tenente-coronel Reginaldo Ramos Machado. Disse ele que caberia aos estados buscar as vacinas nos aeroportos, e que não era essa a responsabilidade da transportadora. A Advocacia Geral da União (AGU) detectou uma pirâmide de erros e equívocos na contratação da transportadora.

O general Ridauto Fernandes não deu a menor importância, e foi em frente. A IBL (Intermodal Brasil Logística), com zero experiência no ramo do transporte das vacinas, levou um contrataço de 62 milhões de reais. E, claro, deu tudo errado: atrasos e confusões nas entregas, super-congelamento das vacinas, o caos irresponsável e previsível.

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No seu afã irrefreável de se identificar com as Forças Armadas e de buscar apoio para o que der e vier, o que Jair Messias faz dia sim e o outro também é enlamear cada vez mais a farda dos que pretende engajar ao seu lado. Em três anos abomináveis, ele destroça de maneira contundente uma imagem arduamente recuperada ao longo de mais de três décadas. 

E continua, impávido colosso, no rumo dessa destruição.  

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